Já pensou em repaginar toda a sala com menos de mil reais? Pois o arquiteto Glaucio Gonçalves, junto com os alunos de design de interiores da Academia Brasileira de Arte (ABRA) mostram que é possível, sim, reformar sofá, trocar piso e móveis com esse valor, incluindo os custos com a mão de obra. Parece difícil, mas com criatividade e bom olhar sobre o que pode reaproveitado, o espaço pode ganhar um visual moderno, sem perder o conforto. O ambiente decorado, de 12 metros quadrados, está em exposição na ABRA Vila Mariana.
Antes de colocar a mão na massa, a equipe fez um estudo minucioso dos materiais que poderiam ser reaproveitados para evitar maiores gastos. O piso foi o primeiro elemento a chamar atenção. Glaucio sabia que uma empresa de revestimento descartava restos de mármore. O professor não hesitou em solicitar o material para que pudesse usar como novo piso.
“Uma reforma econômica pode deixar o cliente receoso quanto ao resultado. Com isso, tentamos mostrar um ambiente que fosse diferente, bonito e com soluções criativas. O uso dos restos de mármore branco no piso com detalhes em preto deu um visual bem diferente à sala, além de uma sensação de amplitude.”
O rack e a mesa lateral foram feitos com pallet de madeira, material de baixo custo e fácil de ser encontrado no mercado. Uma cooperativa que faz trabalhos de marcenaria ficou responsável pela criação dos dois móveis, que saíram por R$ 240 e R$ 40, respectivamente. No caso da mesinha, o tampo foi elaborado em vidro reaproveitado para dar maior leveza ao ambiente.
Outro elemento que chama a atenção é o painel da TV, de OSB, um tipo de madeira as em que as suas propriedades mecânicas assemelham-se às da madeira sólida, podendo substituir plenamente os compensados estruturais. O valor da peça foi R$ 80. A tinta a base de água deu conta da pintura de todos os móveis e das paredes.
O antigo sofá ganhou uma capa de sarja, que custou R$ 88, e almofadas, feitas com sobras de tecido e preenchidas com sacolas plásticas. A cortina da janela foi confeccionada com tecido de seda e varão de ferro, saindo, no total, por R$ 68. O toque final ficou por conta de um arranjo, de R$ 25, feito de galhos recolhidos da natureza, cola e seladora. Tijolos foram colocados em um dos nichos do rack para dar um ar diferenciado, inacabado e moderno ao ambiente.
O custo da mão de obra, incluindo pintura, assentamento de piso e costura, saiu por R$ 400. Somado ao valor gasto em materiais, totalizado em R$ 541, o preço da reforma da sala saiu por R$ 941.
“O objetivo desse projeto foi tornar o imóvel acessível ao maior número de pessoas contemplando os aspectos socioeconômicos e ambientais e oferecer um novo conceito de moradia com qualidade de vida. O projeto pretendeu traduzir de uma forma simples e única uma relação de harmonia entre a natureza e o homem”, afirma Gonçalves. O Globo - 30/08/10
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