Há alguns anos o gesso estava nas sancas e nos rebaixos de forro. Mas ele conquistou novos espaços e usos e ganhou linhas mais contemporâneas. Proporcionando estética, agilidade de instalação e custos mais baixos aos projetos de decoração.
 
 VERSATILIDADE
 Na sala de bar os profissionais Fátima Brandani e Antônio Bettarello usaram gesso na estante e na parede revestida com tecido. Rápida transformação
“Houve uma revolução. Você consegue construir um ambiente em dois ou três dias com o gesso. Possibilita uma rápida transformação do espaço, agregando beleza e funcionalidade”, comenta o arquiteto e designer de interiores Alessandro da Matta.
O arquiteto afirma que usa o material em mais de 90% dos seus projetos, por conta das possibilidade que ele oferece. “Você cria uma caixa de estante, com as prateleiras do dia para a noite”, exemplifica.
E de fato ele está em quase todos os ambientes. Seja no rebaixo de forro e distribuição de iluminação, em detalhes, como divisórias, paredes, armários, nichos e corrigindo imperfeições. “Uma caixa de gesso pode embutir portas de correr”, cita.
O gesso assume qualquer tipo de forma, com possibilidade de criar forros abobadados, lisos e arredondados. As molduras também ganham liberdade com o uso desse material.
Na decoração do quarto de casal para a amostra Vitrine Líder o arquiteto usou ‘Boaseries’ (faixas de gesso que recebem texturas ou pinturas) nas paredes, que proporciona aconchego.
Na parede do living o material possibilitou a criação de uma estante imponente que abriga até uma lareira.
A decoradora Valéria Nogueira comenta que o gesso valoriza a estética dos ambientes, com um custo relativamente baixo. “Dá um toque de requinte”, define.
Nas home cinemas, revestir uma parede de gesso pode proporcionar as condições acústicas ideais, tornando o espaço funcional e confortável. “Ela pode abrigar a TV de plasma, criando um visual clean, além do som e da iluminação”, comenta a designer de interiores Cláudia Bulhões.
Na sala de bar da mostra Vitrine Líder, a designer de interiores Fátia Brandani e o arquiteto Antônio Bettarello usaram o gesso para criar a estante. Nela, nichos abrigam cubos de vidro para expor bebidas e taças, uma cave de climatização de vinhos também foi anexada em um dos nichos. “Permitiu trabalharmos com jogo de iluminação”, fala Fátima.
Na parede que assume o papel de divisória de ambientes, o gesso foi revestido com tecido e recebeu no centro uma moldura com espelho.
“O gesso possibilita criar elementos que muitas vezes não conseguiríamos fazer em alvenaria e com um custo mais baixo”, define.
O gesso pode falar por si só ou ser revestido com outros materiais. Cerâmicas, porcelanatos, papel de parede, pastilhas, madeira e espelhos.
“Desde que esteja bem estruturado, a aderência aos materiais é perfeita”, afirma Matta.
Valéria ressalta que o revestimento com pastilhas é uma excelente solução, por exemplo para o uso do material em cozinhas, por conta do preparo de alimentos.

Flexibilização
Com inúmeras aplicações, o gesso tem também uma função estrutural, desde que usado com buchas e materiais de fixação adequados.
No fechamento de paredes em áreas de grande circulação como em hotéis, a facilidade de manutenção do gesso o torna um grande aliado.
“Imagine ter que quebrar uma parede para verificar algum problema de vazamento? Com o gesso você corta apenas a placa no local e automaticamente reaplica o produto”, explica da Matta.
Essa flexibilização auxilia nas mudanças. Se a pessoa decide fechar alguns pontos de iluminação no teto, com o gesso tudo se torna mais prático.
“Com o forro não será preciso mexer em laje ou concreto, em cinco minutos se veda um ponto e transforma a estética do ambiente”, explica.

Camuflando imperfeições
Numa parede desnivelada o toque do gesso corrige a imperfeição sem provocar grandes transtornos ou despesas. “Já pensou ter que construir uma parede de apenas 5 cm?”, indaga Matta.
Na cozinha pode esconder dutos de coifas ou nivelar lajes. Na sala e quartos oculta os fios de iluminação e nos banheiros o sistema hidráulico.
No lavabo do apartamento a decoradora Valéria usou o rebaixe de gesso para criar um belo efeito de luz, com três pequenas luminárias de cristal.
Mas ele também pode disfarçar vigas e recobrir colunas ou mesmo substituir as antigas molduras de madeira das portas. “As molduras brancas criam um novo visual e a sensação de ampliação do espaço”, fala Valéria.

Prós e contras
Segundo Valéria, o gesso tem substituído a madeira em diversas situações, com o mesmo resultado estético. Mas a durabilidade do material não é a mesma.
Para garantir a sua resistência ele deve ser aplicado sobre superfícies preparadas e receber todos os produtos para garantir e otimizar a sua resistência. Nas áreas molhadas, por exemplo, sobre o acartonado é aplicado o baycril, produto que impede a umidade.
Nos rebaixos de teto em grandes áreas o tabicado (recúo entre a parede e o gesso), explica Valéria, permite a movimentação do material sem provocar imperfeições.

Gesso acartonado é a vedete
No mercado a pessoa pode encontrar três tipos do produto. Mas a técnica em gesso, Rosalva Pitta, explica que o acartonado estruturado é o mais utilizado por apresentar maior resistência.
“É ideal para grandes superfícies”, cita.
O gesso em plaqueta é vendido em placas de 60 cm X 60 cm, e o metro quadrado sai em média por R$ 20,00.
O gesso acartonado aramado pode ser encontrado em placas de 60cm x 2 m e o preço média é de R$ 26,00 o m2.
Já o acartonado estruturado, considerado a vedete do mercado, é vendido em placas de 1,20m x 1,80 ou de 1,20 x 2,40m.
O valor dele é um pouco mais alto. No mercado de Ribeirão Preto o m2 está em torno de R$ 33,00.
 
Jornal A Cidade - 18/08/07