Terrenos com frente, fundo e laterais com metragens diferentes são desvantagem para quem vende (como o potencial construtivo é reduzido, o preço cai), mas podem ser um bom negócio para quem compra e tem nas mãos um bom projeto.

"Se oferece mais dificuldade para um projeto e se, após os recuos serem calculados, sobram 20% menos de espaço para construir que nos outros lotes, o preço deve ser 20% menor", diz Álvaro Costa, diretor de loteamento da Fernandez Mera.

Ou seja, na hora de barganhar o preço, o percentual de desconto varia conforme a perda de terreno que poderá ser usado na obra. "Seu valor será inferior a outro de mesma área e no mesmo bairro", compara o diretor da FGi Negócios Imobiliários Feliciano Giachetta.

A questão é que, independentemente do formato do terreno, os recuos exigidos pelas regras de uso do solo e de zoneamento são os mesmos.

Estima-se que hoje 5% dos terrenos novos ofertados na cidade de São Paulo tenham esse tipo de restrição e por isso sejam rejeitados pelas incorporadoras para projetos de residenciais e comerciais verticais.

Se, para o vendedor, a dificuldade de comercialização é desestimulante e tira do negócio grande empresas, para quem está interessado em comprar um lote para construir uma casa é argumento de negócio, sem prejuízo ao futuro proprietário.

Área de serviço, garagem e lazer são alternativas de ocupação do solo para a área não-construída.

Cálculos

O arquiteto Marcelo Rosset ensina que o principal é analisar o tamanho do terreno e não só o formato. "Caso o terreno seja muito grande, não há muito motivo para se preocupar com a irregularidade, principalmente se o uso for residencial e ali couber a casa."

"O problema é quando realmente não há espaço para construir o desejado pelo cliente", argumenta o arquiteto.
"Não importa muito o formato do terreno. O que vale é a localização e se dá para construir no local o que o dono quer", concorda Giachetta, da FGi.

MARIANA DESIMONE- colaboração para a Folha de S.Paulo