Se as contas não são pagas em dia, se parece que está faltando manutenção no prédio ou se o síndico não responde às perguntas dos condôminos, é sinal de que algo não vai bem na administração do condomínio.

Invariavelmente, a solução para esse problema passa por duas providências: mudança de síndico ou de administradora.
A empresa é subordinada ao síndico, mas substituí-la exige aviso prévio --que deve estar estipulado no contrato.

"Para trocar de administradora no ato, só se houver quebra contratual, motivada, por exemplo, por contas que não foram pagas. Caso seja apenas rescisão, pode levar até 90 dias", avisa Francisco Maia, consultor da área imobiliária.

"Já o síndico pode ser destituído por praticar irregularidade, não prestar contas ou não administrar convenientemente o prédio", diz. "Basta a assembléia votar com maioria simples [dos presentes]."

Sinais

Há casos tão flagrantes que até um "estrangeiro" vê algo de podre no "condomínio" da Dinamarca. Foi assim com o contador Ricardo Rodrigues.

Ele começou a exercer a atividade de síndico no prédio de sua mãe por perceber como a gestão deixava a desejar.

"Os extintores de incêndio estavam sem manutenção havia dois anos, e o elevador não estava em boas condições", diz.

Além disso, o condomínio devia ao INSS e precisava de reformas. A inadimplência beirava os 20%, e o déficit mensal somava R$ 5.000.
"Priorizamos pagamentos urgentes, como água e energia elétrica, e parcelamos algumas dívidas. Hoje estamos reformando a rede elétrica", conta.

O "milagre" das contas não aconteceu apenas com a nova gestão: a taxa de condomínio precisou subir 15%. "Cortamos horas extras e demitimos funcionários. No começo, fui o vilão do prédio", relata.

Uma nova administradora também ajudou. "Mostramos aos moradores as guias atrasadas e fizemos acordos com os inadimplentes. Baixamos o índice para 3%, 4% --a média do mercado", exibe José Roberto Iampolsy, diretor da empresa.

Ele argumenta que muitos dos inadimplentes não estavam em dia com o condomínio por não verem "lisura nas contas".

MARIANA DESIMONE
Folha de S.Paulo - 22/04/07