Os cientistas sugerem que seu estudo justificaria um investimento anual de milhões de dólares para proteger os insetos. WASHINGTON - Insetos como mosquitos e baratas, considerados transmissores de doenças, prestam serviços que só nos Estados Unidos são calculados em nada menos que US$ 57 bilhões por ano, segundo um estudo publicado pela revista BioScience.

Segundo a pesquisa, o exemplo clássico é o da abelha, que distribui o pólen e ajuda na reprodução das espécies vegetais, além de fabricar mel, alimento importante para seres humanos e animais.

Há também o bicho-da-seda, que fornece tecido para o homem desde tempos imemoráveis. O estudo ainda aponta que existem outros insetos ainda mais importantes que não lembram as imagens floridas das abelhas.

Sem flores

"A maioria dos insetos realiza de maneira incansável funções para melhorar o ambiente e nossa vida de formas que só agora os cientistas começaram a compreender", destaca o entomologista da Universidade de Cornell e principal autor da pesquisa, John Losey.

O besouro-do-esterco, por exemplo, reduz o efeito dos parasitas no gado, torna o pasto mais digerível e libera o nitrogênio do estrume que aduba as plantas. Os autores do estudo calculam que o valor dos insetos no que se refere ao controle de pragas chega a US$ 4,5 bilhões por ano.

Os polinizadores, especialmente as abelhas, são responsáveis pela produção natural de frutas e vegetais no valor de mais de US$ 3 bilhões anuais nos Estados Unidos.

Os insetos também representam um recurso fundamental para atividades como caça, pesca e observação da vida animal, incluindo o ecoturismo, que chegam a US$ 50 bilhões, de acordo com o estudo.

Conservadorismo

Segundo Losey e Mace Vaughan, da Sociedade Xerces de Conservação de Invertebrados, sua avaliação sobre os benefícios que os insetos proporcionam é "bastante conservadora", e destacam que é apenas uma fração do número total. Isso porque a pesquisa não inclui outros serviços importantes, como a decomposição de matéria orgânica, lixo e árvores, a produção de mel, de tintas e de outros produtos usados na medicina.

Os cientistas sugerem que seu estudo, que é o primeiro deste tipo, justificaria um investimento anual de milhões de dólares para proteger os insetos. Além disso, recomendam que os recursos dedicados à conservação prestem atenção especial aos insetos e ao papel que desempenham nos ecossistemas.

O Estadão
3/4/2006