As cidades nasciam próximas de ferrovias ou de cursos d’água utilizados como estradas, vias de acesso. Afinal, um rio nada mais é do que um caminho que anda. Atualmente as cidades nascem próximas de outros focos como rodovias ou aeroportos.
Ribeirão Preto começou há 150 anos considerando-se a proximidade de rios e como pouso de caminhadas rumo ao oeste. Daí seu primeiro epíteto ter sido de Capital d’Oeste. E, como toda cidade, inicialmente desenvolveu o que se constitui atualmente na sua parte central – spherion, em grego, quer dizer esfera – para somente depois, aparecendo os bairros, dar prosseguimento à expansão urbana.
Perios, também em grego, quer dizer ao redor de. E antecede spherion (perio + spherion, ao redor do centro, são palavras gregas que formam a palavra periferia na língua portuguesa).
Mais.
As cidades nascem e crescem rumo a oeste. Depois, espraiam-se. Mas não de maneira homogênea. Acidentes geográficos, a estrutura fundiária – dentre outros – são fatores que mostram como caminha o desenvolvimento urbano, primeiro fato a indicar a necessidade de se estabelecer, via legis, a área urbana e a área rural, ambas conhecidas como zonas.
A lei define a linha perimétrica urbana, que fixa os limites que compõem o espaço urbano e também os que compõem o espaço rural.
Ribeirão Preto atualmente não tem periferia homogênea. Vale dizer: ela não se expandiu igualmente mas cresceu mais no sentido norte-sul e muito menos no sentido leste-oeste. Basta verificar qualquer mapa da cidade.
No sentido norte-sul, Ribeirão Preto já supera os vinte quilômetros de expansão. Na parte norte, já chegou ao rio Pardo. Na outra ponta, na ponta sul, sua expansão é igualmente vertiginosa. Bonfim Paulista, um próspero distrito, na verdade nada mais é do que uma continuação urbana da sede do município de Ribeirão Preto. É o extremo sul de Ribeirão Preto porque já conurbou, já formou até um único complexo viário.
Não é o que ocorre com o sentido leste-oeste. Aí há limitações à expansão imobiliária. E de ambos os lados. De um lado os óbices são o campus do Centro Universitário “Moura Lacerda” mais a área do educandário “Quito Junqueira”, fora outras propriedades menores, mas ainda intactas. De outro lado, a Estação Experimental e o campus da USP.
Estamos constatando o fato. Não estamos propondo a retalhação destas áreas. Mas mister se faz uma ação política de governantes, que estimulem agentes do setor privado na busca de se construir acessos às áreas localizadas atrás destas glebas.
Ruas são estradas urbanas.
Elas podem servir de meio que facilite acesso de pessoas e de riquezas, aproximando produção e consumo, induzindo a circulação dos fatores de produção. Mas podem ser instrumentos de ocupação ordenada do solo.

Antônio Vicente Golfeto