Antônio Vicente Golfeto

A falta de trabalho e de empregos, uma das marcas da economia do Brasil dos dias de hoje – nossa região incluída – tem duas causas principais. A primeira é a crise que abate sobre a micro e pequena empresas. A quantidade não desprezível de imóveis não residenciais vagos espalhados pela paisagem urbana das cidades brasileiras – as de nossa região, claro, também – prova isto. É só perguntar ao locador, ao proprietário do imóvel vazio e em oferta de locação, o que existia ali antes. Ele dirá: um escritório de contabilidade, uma loja de tecidos ou de confecções, uma sorveteria, um restaurante, uma indústria de doces.
A segunda causa – que para muitos é na verdade a primeira – é a desaceleração que se notou nos últimos anos na indústria da construção civil que é uma indústria de montagem.
Como a indústria automobilística, que também é uma indústria de montagem, a indústria de construção civil tem indústrias satélites. São as equivalentes às indústrias de autopeças para a indústria de veículos. Trata- se da ampla e sofisticada indústria de materiais de construção.
Por ser uma indústria de montagem, a indústria da construção civil utiliza muita mão-de-obra. Daí o fato de ser grande empregadora de pessoas embora – pela própria evolução do setor da construção – não seja mais empregadora de gente sem qualificação. Pelo contrário. A cada ano que passa, mais e mais habilidades se exige do profissional da construção civil, fato importante porque a esta realidade corresponde, simetricamente, outra: a de melhor remuneração.
Pois bem, para 2 006 não se tem informações de prognósticos favoráveis ou desfavoráveis para as empresas de pequeno porte e mesmo as de tamanho micro. Mas o otimismo está tomando conta do setor da construção civil. Pode-se alegar um fato: a lei federal nº 11 196/2 005 diminuirá a mordida do lucro imobiliário incidente na venda de imóveis. O que, de per si, já é um estímulo e tanto. Pode-se alegar outro fato: os financiamentos tanto para construção como para compras de imóveis já estão mais facilitados dentro do sistema bancário nacional.
Entretanto, o zape dos argumentos é outro: a Selic, taxa básica de juros, está declinante. E com tendência de continuar declinando. É ela que serve de referência para remuneração de aplicações a prazo, tanto em fundos de investimentos (DI e de renda fixa) como em CDBs.
Com a queda da rentabilidade é natural esperar-se que os mais de R$ 2 bilhões que a região tem aplicado nas diversas modalidades e opções oferecidas pelas 214 agências de banco, migrem para um investimento que ofereça, pelo menos em termos de perspectiva, melhores condições de retorno. E este investimento é mesmo na construção civil.