Os aluguéis residenciais tiveram reajuste acima da inflação em 2007. Segundo o balanço do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi – SP), a média foi de 7%. Reflexo do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), utilizado como base legal na maioria dos contratos de locação, que encerrou o ano com uma inflação de 7,75%, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. O dobro de 2006 , que foi de 3,86%.
O delegado regional do Conselho dos Corretores de Imóveis (Creci), Sinésio Donizetti Rodrigues afirma que os valores em RP seguiram os mesmo parâmetros. Um apartamento de um dormitório próximo a USP, que em dezembro do ano passado era locado a R$ 350, hoje o aluguel gira em torno de R$ 375.
Mas para Rodrigues isso não vai interferir no mercado de locação já que o IGP-M é usado apenas para efeito legal do contrato, não impedindo que haja negociação entre as partes, após os 12 meses.
“O locatário tem liberdade de negociar valores. Isso já é uma prática rotineira”, afirma.
O diretor de imobiliária Roberto Alves Corrêa divide a mesma opinião. “O IGP-M tem fechado com percentuais bem diferentes a cada ano, como em 2006 que ficou abaixo da inflação, o que acaba levando a uma compensação”, comenta.
Na sua avaliação, o cenário positivo na economia e o aumento da renda do brasileiro fazem com que os cerca de 3% acima da inflação não interfiram de forma significativa no mercado.

Negociação
Segundo Corrêa, quem tem contrato com aniversário em dezembro já irá receber o 13º boleto em janeiro, com o reajuste do índice previsto.
Na hora de rever o valor do aluguel, o mais correto é negociar, tentar um acordo, mesmo que isso signifique tempo e persistência.
“A pessoa deve procurar a imobiliária para tentar negociar o valor com o proprietário do imóvel”, aconselha.
Ele comenta que alguns fatores pesam no sucesso da negociação: se o aluguel está abaixo do valor de mercado do imóvel, a situação financeira do inquilino e do locador e o desejo de ambos de manter o contrato.
Para o inquilino pode ser vantajoso se o imóvel é adequado às suas necessidades, mesmo que pague um pouco mais com o reajuste. “Um desconto de 1,5 ponto percentual é expressivo, já que representa quase 20% a menos em relação ao índice praticado”, afirma Corrêa.
Com seis apartamentos alugados, o aposentado e investidor José Percides Rodrigues sempre aceita negociar com seus inquilinos. “Quando a pessoa é correta e paga em dia, compensa adequar o aluguel do que deixar o imóvel fechado”, explica.
Em janeiro e fevereiro, além da correção pelo IGP-M, os novos contratos de aluguéis de imóveis de um e dois dormitórios sofrem valorização em RP, por conta do aquecimento do mercado voltado ao público universitário.
“A rotatividade desse nicho, de saída e entrada de estudantes, é muita alta e os valores sofrem elevação de cerca de 10% por conta da demanda. É um setor diferenciado”, explica Rodrigues.
Nesses dois meses um apartamento que seria locado em outros períodos do ano por R$ 350, chega a ser alugado por R$ 400. Segundo os corretores, nessa fase é a lei de mercado, da procura e oferta, que dita as regras.

Alta deve aumentar a oferta de imóveis
Para o gerente do Departamento de Economia e Estatísticas do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Roberto Akazawa, essa alta elevada pode ter como reflexo, a curto prazo, a expansão da oferta de imóveis e a migração de alguns locatários para a casa própria.
Segundo ele, o mercado de locação teve uma redução na oferta de imóveis ao longo dos últimos anos em virtude dos aluguéis que tiveram reajuste inferior à inflação, entre 1997 e 2004.
“Isso desestimulou o mercado e diminui a oferta de imóveis”, explica.
O retorno da rentabilidade ao proprietário do imóvel pode estimular novos investidores no setor”, avalia.
Já para quem está alugando, Akazawa acredita que a alta aliada a grande oferta de crédito no mercado pode levar muitas pessoas a tentarem adiquirir a casa própria.
“Mas não haverá retração, porque acaba ocorrendo um equilíbrio entre esses pontos. E sempre haverá mercado para locação, porque há perfis que ele atende perfeitamente”, afirma o gerente.