A alta no valor do aluguel é um novo fator a pesar na decisão da compra da casa própria. Com emprego garantido e crédito imobiliário em abundância, o brasileiro está cada vez mais propenso a deixar a situação de inquilino, já que os novos contratos de aluguel subiram em média 18,48% no ano passado na cidade de São Paulo. Foi a maior alta desde 2005, início do levantamento produzido pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP).
Esse índice foi quase quatro vezes mais que o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), indicador que baliza a maioria dos contratos de locação em andamento, que foi de 5,1%.
Previsão é que os financiamentos cheguem a R$ 140 bilhões, avanço de 22% em relação ao ano passado (Foto: Nilton Fukuda/AE)
Em alguns casos, proprietários pedem até o dobro do valor pago para renovar contratos de locação na capital. “Pagar um aluguel mais caro desperta cada vez mais o interesse do consumidor em adquirir seu próprio imóvel. O conselho para quem mora de aluguel é pesquisar as opções de financiamento e realizar uma simulação do empréstimo. Há situações em que o valor da prestação é praticamente do aluguel que a pessoa paga”, diz Ricardo Carazzai, professor da pós-graduação em Gestão de Negócios Imobiliários da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Normalmente o comprador precisa ter pelo menos 20% do valor total do imóvel para dar de entrada no financiamento.
Segundo o economista e consultor do Secovi-SP, Cicero Yagi, é comum o brasileiro ter um espírito patrimonialista, de querer ser dono do próprio imóvel. “O cenário econômico vem ajudando na concretização desse sonho.”
Estudo feito na capital pela empresa de administração imobiliária Lello entre janeiro e novembro de 2011 mostra que 26% dos inquilinos que devolveram as chaves dos imóveis alugados foram morar em uma casa própria. Esse índice era de 22% em 2010.
“As pessoas estão mais entusiasmadas para comprar um imóvel. As famílias estão empregadas e as opções de financiamento são abundantes”, destaca Roseli Hernandes, diretora comercial da Lello Imóveis. A previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é que os financiamentos de imóveis atinjam R$ 140 bilhões em 2012, um crescimento de 22% em relação ao ano passado.
Já em relação aos juros, a expectativa também é positiva, mas não a curto prazo. Por enquanto, o cenário é de estabilidade, mas a tendência é que as taxas para o crédito imobiliário sofram reduções ao acompanhar a queda da taxa básica de juros, a Selic – hoje em 10,5%. A expectativa é que a Selic atinja um dígito ainda este ano, mas uma queda nos juros para compra da casa não deve ser imediata, na avaliação do coordenador do curso de pós-graduação em Negócios Imobiliários da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Ricardo Gonçalves.
Locação – A alta média de 18,48% no valor dos novos contratos de aluguel fugiu dos patamares dos últimos anos. “A alta foi causada pelo grande aumento da procura por imóveis para locação. E a oferta não acompanhou esse movimento”, explica Yagi.