Gradativamente, o Brasil vai construindo seu mercado de títulos e valores, o denominado mercado de capitais.
O mercado de capitais – disciplinado pela primeira vez no Brasil pela lei federal nº 4 728/65, ainda no governo do presidente Castello Branco – vai se formando aos poucos. Diversas são as razões. Vejamos algumas: 1 - é verdade que o brasileiro prefere aplicar em terra a aplicar seus capitais em papéis, sejam de bancos, sejam de empresas com ações negociadas em Bolsa, sejam títulos da dívida pública; 2 - a dívida pública ou estatal do Brasil tem levado o governo a oferecer elevada taxa de juro a quem optar por comprar seus papéis a fim de receber remuneração fixa em vez de escolher investimentos de risco, como são os oferecidos nas Bolsas de Valores.
Ultimamente, entretanto, pelo excesso de capitais circulando pelo mundo e também em virtude de o Brasil estar com os fundamentos sólidos da economia, aumentou de maneira acentuada o ingresso de capitais estrangeiros destinados a aplicações em Bolsa. Estávamos – como, creio, ainda estamos – constituindo mais rapidamente um amplo mercado de capitais. Investimentos são apostas no futuro. São demonstrações de confiança. São indicativos de que o Brasil, apesar de ainda ser atrasado em governança corporativa, já começa a mudar seu perfil no visor dos investidores internacionais. Estava e está.
Com este quadro, com aumento de IDE (investimentos direitos estrangeiros) na Bolsa, é natural que os brasileiros seguissem o caminho e o exemplo dados pelo estrangeiro, pelo exterior e igualmente começassem a aplicar mais capitais em ações de empresas de capital aberto. Até então, além da preferência por imóveis – tantos urbanos quanto rurais – o brasileiro aplicava e aplica – não raro por tempo suficiente a aumentar a disponibilidade de recursos – em fundos de investimento de diversas modalidades e mesmo em cardernetas de poupança. Ao lado destas opções mais conservadoras, o banco oferece aplicações de mais risco, nem sempre preferidas.
O cenário, até quase o final de fevereiro, fornecia o início de mudança da cultura de aplicações em imóveis. Parte da poupança nacional começaria ser partilhada com papéis de Bolsa. A euforia indicava. Mas, há sempre que lembrar o investidor – não afeito às oscilações do mercado de capitais – que ele pode ganhar mas pode perder também. No mercado se diz que “quando seu engraxate começar a lhe perguntar sobre papéis em Bolsa é hora de sair”. Como foi a inesquecível experiência brasileira de 1971/1972, que deixou traumas e seqüelas até hoje. É este quadro que nos permite e nos estimula novamente a lhe dizer: aplique o que você tiver em terra, tanto urbana quanto rural. Esta, se você conhecer o setor. A urbana – terreno, chácara de recreio, residência, salão – em qualquer circunstância. O Brasil não conseguiu produzir alternativa melhor, apesar dos problemas que os imóveis geram. Quando houver outra saída, falo. Ainda não é o caso.

VICENTE GOLFETO