Trecho da João Fiusa entre Presidente Vargas e Anel Viário explode em 10 anos e abriga metro quadrado mais valorizado de Ribeirão

JOSÉ ANTONIO BONATO

A avenida João Fiusa tem somente quatro quilômetros de extensão, desde a rotatória na avenida Caramuru até seu encontro com o Anel Viário Sul, mas é no trecho a partir da avenida Getúlio Vargas, no sentido sul, que hoje está o metro quadrado construído mais caro de Ribeirão Preto, que ali chega a valer R$ 2.700.

O valor de todos os luxuosos edifícios e os imóveis em condomínios fechados localizados na avenida, na estimativa do mercado imobiliário, atinge R$ 1 bilhão, o equivalente a 20% do PIB anual de Ribeirão Preto.

"As pessoas dão muito valor em morar na João Fiusa. A avenida é uma verdadeira grife", define Andréa Nascimento, gerente comercial da Rossi Incorporação e Construção, empresa que lançou um condomínio fechado em 2002 e, impressionada com o sucesso de vendas, resolveu lançar outros empreendimentos: o L Essence, um edifício de 25 andares, e o condomínio horizontal Terra Brasilis.

Para Carlos Henrique Fortes Guimarães, diretor da Imobiliária Fortes Guimarães, morar na avenida João Fiusa é atualmente um sonho de consumo da classe média alta ribeiraopretana. Quem investe em imóveis na avenida não perde dinheiro porque o local está supervalorizado. "Sem dúvida é o metro quadrado mais caro de Ribeirão Preto", diz.

O metro quadrado no Sequóia, por exemplo, em fase de vendas pela construtora Pereira Alvim, está em torno de R$ 2.700, segundo Anderson Skankevitius, gerente da empresa.

O prédio tem dois apartamentos por andar e 26 pavimentos. São quatro suítes, objeto do desejo de profissionais liberais e executivos. O prédio terá heliponto.

O "boom" imobiliário na João Fiusa começou em 1997. O primeiro empreendimento no local, que pertencia às irmãs ursulinas, foi o Colégio Santa Úrsula. A área no entorno da avenida foi loteada pelo grupo GDU (Grupo de Desenvolvimento Urbano), que implantou a infra-estrutura.

O primeiro prédio foi construído pela Habiarte Barc. Logo outros surgiram. Essa primeira etapa de edificação na avenida terminou em 2003. A partir desta data começa a ocupação da região chamada de Altos da Fiusa, considerada a parte mais nobre da avenida, onde está, entre outras torres, o edifício Vitória Hill, com um apartamento por andar. Cada apartamento está avaliado em mais de R$ 1 milhão.

Os Altos da Fiusa se estendem da praça Mr. Blitz até o Anel Viário Sul, onde novos prédios estão em construção, além de novos condomínios fechados. A Prefeitura de Ribeirão Preto deverá prolongar a avenida no sentido sul, até Bonfim Paulista.

Ao longo dela, vão nascer outros empreendimentos e novas oportunidades de investimentos. "Vai ser outro filé mignon", prevê Fortes Gimarães.

Em 1997, o bairro da avenida João Fiusa, o Jardim Santa Angela, ganhou o Master Imobiliário em São Paulo e foi considerado o melhor empreendimento urbanístico do Brasil.

Local tinha chácaras até início dos anos 90

O Jardim Santa Ângela, cortado pela João Fiusa, era uma chácara até o início da década de 90. Ali, as irmãs ursulinas produziam leite, verdura e outros produtos para o colégio que existia na região central.

Como o prédio do colégio, na década de 80, estava comprometido pelos cupins, a Associação de Ursulinas idealizou outro colégio, mas o problema era capital para a obra.

A idéia foi usar a área de 10 mil metros quadrados na região central mais a chácara entre a avenida Presidente Vargas, o Jardim Irajá e o Jardim Canadá, como moeda de troca.

A Hochtief do Brasil, contatada pelas irmãs, planejou um loteamento com terrenos convencionais, de 250 metros quadrados, mas o valor que seria auferido com as vendas não seria suficiente para o objetivo.

Em 1991, o empresário Moacir Castelli soube da intenção das freiras por intermédio de um irmão, que prestava serviço para a Hochtief. Estabeleceu contato com o amigo Paulo Tadeu Rivalta de Barros, da Habiarte Barc, para o negócio.

Foi aí, lembra Barros, que nasceu a GDU (Grupo de Desenvolvimento Urbano). O GDU foi responsável pelo projeto, pela sua aprovação, em 1992, e pela comercialização dos terrenos.

Em 1995 o colégio foi construído pela Hochtief, por US$ 14 milhões.

Empresários tiveram feeling

O GDU, que nasceu quando empresários de Ribeirão aceitaram o desafio de construir o Colégio Santa Úrsula, vislumbrou a possibilidade de a área no entorno da escola receber os futuros edifícios.

Na visão dos empresários Paulo Tadeu Rivalta de Barros e Moacir Castelli, os futuros empreendimentos de alto padrão iriam migrar da área central para a zona sul. "Idealizamos então terrenos com planejamento adequado, cujas dimensões proporcionassem conforto, garagens maiores, com recuos", conta Barros.

O primeiro edifício na João Fiusa foi o Ville de Quebec, feito pela Habiarte Barc, empresa na qual Barros ocupa o cargo de diretor. Em 1998, a Habiarte Barc faz outro lançamento, o edifício Pensilvânia. Eles integram um conjunto de 24 torres, construídas, além da Habiarte Barc, pela Copema e pela Pereira Alvim, entre outras incorporadoras.