Obrigados pelo governo a aplicar 65% dos recursos captados em caderneta de poupança em financiamento imobiliário, os bancos começam a acenar com melhores condições de crédito para a classe média --sobretudo a quem busca imóveis de até R$ 150 mil.

Dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) mostram que o número de unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo foi 48,7% maior, em julho, que o do mesmo período em 2004 -passou de 2.329 para 3.464.

Empolgados pelo crescimento, bancos cortam juros e facilitam a contratação do crédito. "Essa tendência deve se generalizar", prevê Décio Tenerello, 44, presidente da Abecip e vice-presidente-executivo do Bradesco.

"Há grande demanda reprimida para imóveis que custam de R$ 150 mil a R$ 300 mil e de R$ 50 mil a R$ 100 mil", completa.

Em março, a Nossa Caixa reduziu os juros de 12% para 9% (novos de até R$ 40 mil), o que, em junho, passou a valer para usados.

Na seqüência, o Itaú baixou os juros de 12% para 8%, para imóveis de R$ 50 mil a R$ 150 mil, nos três primeiros anos de financiamento.

Na semana passada, os bancos Real e Sudameris anunciaram a redução da taxa de juros de 12% para 9%, para o financiamento de imóveis com valor até R$ 120 mil.

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O HSBC, por sua vez, anuncia para setembro juros de 8% nos três primeiros anos do financiamento de imóveis de R$ 50 mil a R$ 100 mil -a taxa era de 10%. Nos anos seguintes, "passará a ser de 10,7%", diz Roberto Sampaio, 46, diretor de crédito imobiliário.

Já o Bradesco deve lançar um novo produto nas próximas semanas. "Vamos ofertar linhas de crédito para imóveis mais baratos", antecipa Tenerello.

A Caixa Econômica Federal quer financiar imóveis com recursos da poupança -o que, por enquanto, só é realizado pelos bancos privados- com cotas (percentual do valor do imóvel que será financiado) e prazos mais atraentes e com taxas inferiores a 12%. "Queremos viabilizá-las até o final de setembro", diz Vera Lúcia Vianna, superintendente nacional de habitação.

Para Ely Wertheim, 45, vice-presidente imobiliário do Sinduscon-SP (sindicato das construtoras), "se os bancos apontam nessa direção, o mercado imobiliário vai junto".

A designer Flavia Lundgreen, 33, aproveitou as boas condições oferecidas para financiar, em julho, uma casa de R$ 145 mil. "Não tinha muito para dar de entrada e aproveitei o prazo de 20 anos. A aprovação de crédito foi rápida."