O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, estima que os bancos privados terão de R$ 10 bi a R$ 12 bi disponíveis em 2005 para financiamentos imobiliários, com recursos provenientes dos depósitos em cadernetas de poupança.

A estimativa foi feita a partir da resolução do Banco Central que elevou de 1% para 2% da fração mensal do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais) destinada ao setor. Pelos cálculos do chefe do departamento do Banco Central, Amaro Luiz Gomes, os recursos disponíveis ficarão em torno de R$ 9 bilhões.

O presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), Décio Tenerello, explica que a expectativa é de que os bancos privados liberem cerca de R$ 4 bilhões em 2005, o que significará um crescimento de 30% em relação aos R$ 3 bilhões financiados neste ano.

De acordo com ele, o restante dos recursos ficarão no caixa dos bancos, porque o consumidor não tem condições de contrair empréstimos, apesar da demanda pelo financiamento da casa própria em todo o País. Isso se deve às taxas de juros, além do desemprego ou da baixa renda da maioria da população que busca o crédito imobiliário.

Desequilíbrio

Ao ser indagado sobre esse desequilíbrio, Mattoso disse que esse é um assunto a ser discutido entre Banco Central, Ministério da Fazenda e bancos privados. A Caixa não foi afetada pela resolução do BC, porque tem um volume de financiamentos imobiliários superior ao mínimo estabelecido. Segundo Mattoso, a Caixa intermediou 90% dos financiamentos entre 1996 e 2003, o que revelaria a pequena participação do setor privado no setor.

"O crescimento de participação do setor privado deve ser comemorado", disse Mattoso, atribuindo o salto ao crescimento da economia, à disponibilização de mais recursos pelo setor público, além da resolução do BC. Tanto Mattoso como Tenerello ponderaram que o crescimento sustentado do setor depende da redução dos juros.