São Paulo - O número de imóveis residenciais voltados para locação em São Paulo está em queda. Do total de três milhões de domicílios existentes na cidade, apenas 22% são locados. Em 1991, o índice era de 28%. Há 50 anos, passava dos 60%.

O Estado de São Paulo acompanha o comportamento do mercado imobiliário em todo o Brasil na proporção de imóveis para locação em relação ao total de domicílios. O país, há cerca de 50 anos, tinha metade dos seus imóveis locados. Hoje, o índice não chega a 17%.

Os dados, da Clade Consultoria Empresarial, que pesquisa o mercado imobiliário paulista, mostram que, atualmente, a maior parte da população é dona do próprio imóvel. Nos últimos anos, também diminuiu o número de pessoas que adotavam a estratégia de investir em domicílios com o objetivo de garantir renda a partir da locação.

"A queda no índice revela uma característica de regiões pobres. Em países desenvolvidos, como os europeus, a proporção de imóveis para locação passa da metade do total de domicílios", diz o sócio-diretor da Clade, o economista Cícero Yagi.

Na avaliação do economista, o número de imóveis locados diminuiu porque cresceu o número de construções por mutirões e por pessoas que compram um terreno para construir a própria residência, muitas vezes, "precárias". O Brasil, diz ele, ainda carrega a cultura ibérica, de valorizar a proprieddade. "É diferente de muitos países da Europa, onde a população prefere aplicar em alternativas de investimentos ao invés de empatar os recursos em imóveis, que garantem menor rentabilidade", compara Yagi.

Nos últimos anos, principalmente em São Paulo, diminuiu a procura pelo mercado residencial para locação, como alternativa de investimento. No entanto, ganhou a preferência dos investidores os imóveis comerciais (como edifícios de escritórios de alto padrão e os flats).

Para os proprietários, este tipo de empreendimento "dá menos trabalho" do que os imóveis comerciais. Yagi lembra que, entre 1982 e 1991, antes da revisão da Lei do Inquilinato, os proprietários de imóveis residenciais foram desestimulados a locar seus em preendimentos, devido as garantias que os inquilinos passaram a ter com a anuência do governo.

"Neste período, o governo tomou medidas, que impediam os proprietários de repassar para os contratos o reajuste integral da inflação. Além disso, a dificuldade de retirar do imóvel um inquilino inadimplente é muito difícil, podendo levar meses", completa o economista.