Outros bancos oferecem pagamento em até 30 anos e dizem que estudam mudar condições do crédito imobiliário.
Com a alteração no prazo e em juros, CEF acirra disputa com o BB, que anunciou corte de taxas na sexta-feira.
A Caixa Econômica Federal ampliou prazos e voltou a cortar juros de financiamentos habitacionais para pessoas físicas e empresas.
A partir de segunda-feira, os parcelamentos poderão ser feitos em até 35 anos, o prazo mais longo da história do banco. O limite era de 30 anos, o mesmo usado atualmente pelos seus rivais.
Bradesco, Santander, Banco do Brasil e HSBC informaram que estudam possíveis revisões nas condições do crédito imobiliário.
O HSBC afirmou que não há perspectivas para mudanças no prazo. Já o Itaú disse que determina a taxa de juros caso a caso.
O anúncio da Caixa ocorre num cenário de acirramento da disputa com o Banco do Brasil. Na sexta-feira passada, o BB oficializou corte de juros para o crédito imobiliário, setor em que a CEF lidera. Os juros da Caixa já haviam passado por uma rodada de cortes em abril.
Para imóveis de até R$ 500 mil, a taxa da Caixa vai de 9% ao ano para 8,85% ao ano, mais TR (Taxa Referencial).
Esse número pode cair para 7,8% ao ano, dependendo do relacionamento com a instituição -quem tiver conta-salário no banco paga os menores juros.
PERFIL DO CLIENTE
Para financiamentos de valores maiores de R$ 500 mil, a taxa, que era de 10% ao ano, ficou praticamente estável em 9,9%, mas pode cair para 8,9%, a depender do perfil do cliente.
De acordo com a Caixa, a principal vantagem do prazo alongado e dos juros mais baixos é que o mutuário poderá comprar um imóvel de valor mais alto. O tamanho da prestação não pode ultrapassar 30% da renda.
Atualmente, porém, só 4% dos financiamentos da Caixa são feitos pelo prazo máximo.
"Isso amplia a capacidade de compra", disse o vice-presidente de Habitação da Caixa, José Urbano Duarte.
Segundo simulação do banco, quem ganha R$ 10 mil mensais, por exemplo, podia financiar até R$ 267 mil. Pelas novas regras, esse valor sobe para R$ 303 mil.
Duarte diz que as novas taxas refletem a tendência da queda da taxa básica (Selic), e reduções serão feitas sempre que for "possível e adequado". As alterações valem para empréstimos contratados a partir de segunda.
PESO NO ORÇAMENTO
João da Rocha Lima Jr., professor titular de "real estate" da USP, afirmou que o financiamento em 35 anos deve ser escolhido apenas quando a prestação tiver um grande peso no orçamento. "Se estiver no limite, pode financiar no prazo máximo, mas é recomendado abater o empréstimo sempre que possível."
O banco reduziu também taxas nos financiamentos de empresas que constroem unidades residenciais, que passou de 11,5% ao ano para 10,3%, podendo cair para 9% para clientes do banco. O prazo foi ampliado de 24 meses para 36 meses.
Para a construção de imóveis comerciais, a Caixa cortou o juro de 14% para até 11% ao ano. Nos financiamentos de imóveis próprios, a pessoa jurídica pagará de 11,5% a 12,5% -a taxa era de 13,5%.