Ampliação do aeroporto Remoção de moradores de favela ainda não tem aval de órgãos da Administração e não deve ser feita neste ano.

O projeto de remoção dos moradores da Favela do Aeroporto ainda não tem o aval das secretarias municipais de Planejamento e Assistência Social, além do Daerp e Transerp. A ocupação irregular é um dos impedimentos para a internacionalização do Aeroporto Leite Lopes.

O processo de reintegração de posse de uma parte da área particular de 2 mil metros quadrados, ocupada há 16 anos, é um dos principais entraves para conclusão do projeto de retirada das famílias. De acordo com secretário de Planejamento e Gestão Pública, Ivo Colichio, as terras que pertencem ao município já são conhecidas. “Nós estudamos agora um acordo com proprietários das áreas particulares.” A Prefeitura busca a doação amigável do terreno, já que não pode trabalhar na desapropriação de áreas particulares.

Outro fator que emperra o andamento da ação é o recadastro das 230 famílias que moram na área e que devem ser removidas para o conjunto habitacional Paulo Gomes Romeu, na Zona Norte. O levantamento com informações referentes aos moradores foi feito há três anos pela Cohab, em parceria com a Assistência Social e, segundo o idealizador do programa Moradia Legal, João Gandini, está desatualizado.

A camareira Marlene Sousa, 46 anos, mora na Favela do Aeroporto há cinco anos e há dois passou pelo cadastro. “De lá para cá muita coisa mudou. Tenho dois filhos que não moram comigo mais. Cansaram de esperar alguma mudança.”

Gandini disse que o recadastramento não deve ficar pronto este ano. Ele explicou que famílias que já foram beneficiadas por programas habitacionais e voltaram para a favela não terão direito às moradias. “Precisamos saber quem são essas pessoas hoje, para depois definir quem vai ou não (para os conjuntos habitacionais)”, disse.

A Cohab não quis comentar o assunto. Em nota, a assessoria da Prefeitura disse que o grupo do Moradia Legal analisa o processo de remoção dos moradores de forma “criteriosa” e que somente após a “definição precisa de todos os precedimentos é que o grupo de trabalho se manifestará sobre o assunto”.

MP obriga retirada de famílias

O Ministério Público aprovou no último dia 2 o estudo de curva de ruído do Aeroporto Leite Lopes, item importante para internacionalização do aeroporto, mas obriga a retirada de famílias do entorno para a adequação. A questão é uma das principais reivindicações da prefeita Dárcy Vera (DEM), que declarou no mês passado remover, até outubro, 230 famílias moradoras da Favela do Aeroporto. De acordo com o idealizador do programa Moradia Legal, João Gandini, a morosidade da Prefeitura para organizar o processo pode jogar a questão para o ano que vem. “Essa demora é cultural por parte da Prefeitura. O problema é que impede que as coisas andem rápido.” O urbanista César Nogueira afirmou que a questão do aeroporto está além da ocupação que cerca o local. “O problema do Leite Lopes é estrutural. Em alguns anos, o local estará incompatível com o crescimento da cidade.” (LC)