O mercado paulistano de imóveis que custam de R$ 350 mil a R$ 500 mil, voltados para famílias de classe média, foi o que mais sentiu os efeitos da crise econômica, na opinião de construtores e incorporadores.

"Esses produtos tiveram uma parada [nas vendas] com o medo da crise e a notícia de que os bancos estão mais rigorosos na concessão de crédito", afirma Odair Senra, vice-diretor do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil).

Apesar da retração geral, a redução foi menor nos segmentos populares pela necessidade de comprar o primeiro imóvel aliada ao crédito barato. Na classe alta, segue a busca por oportunidades com pagamento à vista, para investimento e moradia, em ritmo mais lento.

Já o comprador médio -famílias com renda mensal de R$ 6.000 a R$ 10 mil- prefere manter o dinheiro guardado. "Ele não quer mudar o nível de vida, quer incluir a prestação sem alterar contas como escola das crianças ou aluguel", explica Mirella Parpinelle, diretora de atendimento da Lopes.

Horizonte

O mercado aguarda o anúncio do governo sobre um pacote de medidas para o setor da construção -seria na última quarta-feira, mas foi adiado.

Dentre as propostas em estudo, está elevar o limite do valor dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação, que usa recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), de R$ 350 mil para o patamar dos R$ 500 mil.

Feito pela Abecip (associação de entidades de crédito), o pedido objetiva o acesso da classe média ao crédito mais barato.

"[O mercado] até R$ 350 mil está bem assistido. Acima de R$ 750 mil, o comprador em geral não usa financiamento", diz Feliciano Giachetta, presidente da FGi Negócios Imobiliários.

Se a proposta for aceita, o comprador do segmento médio terá juros de crédito por volta de 9% ao ano -hoje, giram em torno de 12%. Mas há outro problema: são poucos os lançamentos para a classe média.

 CRISTIANE CAPUCHINHO