Anna Regina Tomicioli

foto: Weber Sian/A CIDADE
Os apartamentos pequenos têm atraído cada vez mais um público cujo perfil se encaixa perfeitamente neste tipo de imóvel.
São pessoas que moram sozinhas ou em pares e não precisam de mais do que um local com um ou dois dormitórios para morar.
Recém-casados, Anelise e Paulo Barbieri Júnior escolheram como endereço do casal um apartamento de apenas um dormitório. “Em primeiro lugar, pela oportunidade, porque já tínhamos o apartamento antes de casar”, diz Barbieri Júnior, que adquiriu o imóvel em construção quando ainda era solteiro.
Com a rotina de vida que levam, os dois acham que o pequeno apartamento é ideal. “Saímos de casa às oito da manhã e voltamos as oito da noite. Tem vezes que nem almoçamos em casa. Então, um espaço mais compacto é fácil e rápido de limpar. Bem mais prático do que se o apartamento tivesse três quartos, dois banheiros, por exemplo”, comenta o morador.
Para quem pretende morar em um imóvel de padrão reduzido, Anelise dá uma dica. “Para nós dois o espaço é suficiente, mas é lógico que fazemos nossas adaptações”, comenta. Ao invés de computador, por exemplo, compraram um notebook. As roupas de uso menos freqüente, Paulo deixou na casa de sua mãe e Anelise, na irmã. Os amigos são convidados para ir à residência do casal em pequenos grupos. “Nem apartamentos maiores dá para receber todos de uma vez”, conforta-se ela.
Sozinha
Depois de dividir apartamento com os irmãos, a secretária Dáfine Sandra Alves decidiu morar sozinha. Alugou uma quitinete (que, segundo ela, foi adaptada pelo construtor e teve os ambientes divididos por paredes) e foi morar perto do lugar onde trabalha.
“Hoje, dentro das minhas possibilidades financeiras, o lugar para mim é o suficiente, me acomoda bem”, comenta a moradora ‘solitária’, que desembolsa por mês R$ 300 reais para aluguel e condomínio.

Apartamentos e kits são tendência no mercado da construção civil

A cada dia que passa mais pessoas estão morando sozinhas. “Pode até não ser o ideal, mas é a realidade”, constata o engenheiro civil Paulo Márcio Pacheco Araújo. São solteiros, casais sem filhos, casais mais velhos, cujos filhos já cresceram e formaram suas próprias famílias (ou foram morar sozinhos), homens e mulheres que se separaram ou ficaram viúvos, para quem um espaço pequeno está na medida exata. Conseqüentemente, o mercado da construção civil tem se adaptado a esta tendência, que já vem há alguns anos. “Hoje em dia, fazendo apartamentos de um ou dois dormitórios”, comenta Pacheco, dono de uma empresa de engenharia e construções.
Os projetos estão sendo adaptados para atender a este novo perfil de morador. “A lavanderia está menor, a cozinha segue estilo americano (separada da sala por um balcão), tudo é menor e mais fácil de usar”, descreve o engenheiro.
Lazer
O processo de adaptação também se estende às áreas de lazer. “O espaço ficou reduzido, porém melhor aproveitado. Os ambientes são menores, mas a diversificação é maior”, avalia Pacheco.
Embora pequenos, os prédios, na maioria das vezes, tem opção para uma ou duas vagas de garagens. “Os casais, principalmente os mais jovens, costumam ter dois carros”, justifica a construtor.

ADAPTAÇÕES - Os moradores dos apartamentos de pequeno porte são unânimes em dizer que os imóveis atendem suas necessidades na medida certa. E todos eles sempre têm uma dica de como aproveitar melhor o espaço, ou melhor, a falta dele. O casal Anelise e Paulo, por exemplo, substituíram o computador por um notebook. E deixaram as roupas menos usadas na casa de familiares.

LAVANDERIA COMUNITÁRIA - A secretária Dáfine Sandra Alves mora sozinha num ‘sala-quarto-cozinha-banheiro’ e divide com seu vizinho de andar a lavanderia comunitária. Numa semana ela lava roupa; na outra é ele quem lava. “Morar sozinha é um experiência que toda pessoa devia ter”, recomenda.