Reportagem compara o crescimento urbano de Ribeirão Preto com cidades nos Estados Unidos e na Europa.

Pensando em comparar o crescimento urbano de Ribeirão, que inclui a criação de cada vez mais condomínios fechados horizontais, com as tendências de outras cidades no mundo a Gazeta conversou com uma especialista no mercado imobiliário em Jacksonville, na Flórida, Estados Unidos, e com um publicitário de Barcelona, na Espanha.

Jacksonville tem cerca de 800 mil habitantes e está no litoral da Flórida. Lá, a tendência é de criação de condomínios na área periférica da cidade, com preços mais baixos do que os encontrados na região central, segundo Krista Fracke, corretora que deu entrevista à Gazeta de Ribeirão

Em Barcelona, uma das cidades mais visitadas do mundo, há um problema de espaço que restringe o crescimento para a periferia.

A cidade tem 1,6 milhão de habitantes e apenas 100 quilômetros quadrados de área. Ribeirão, com 550 mil moradores, tem 651 quilômetros quadrados de área total.

Além disso, Barcelona é “cercada” pelo mar de um lado e por montanhas do outro.

Segundo o publicitário Lucas Ubach Corpas, com a constante procura da cidade por estudantes e jovens de todo o mundo, a expansão imobiliária é basicamente vertical e localizada na região central da cidade.

Ele afirma que um apartamento de 35 metros quadrados na região pode chegar a custar 250 mil euros, ou algo em torno de R$ 700 mil.

Veja abaixo um pouco mais informações sobre as duas cidades.

JACKSONVILLE - BOAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO

Na cidade de Jacksonville, na Flórida - EUA, os condomínios horizontais também são bastante procurados. O motivo é o preço mais acessível, diferente do que ocorre em Ribeirão Preto, onde a principal preocupação de quem mora em condomínios fechados é a segurança. "Até hoje não vi ninguém que esteja preocupado com a segurança quando busca uma casa em um condomínio", afirma a corretora de imóveis Krista Fracke.

Jacksonville é uma cidade litorânea com 800 mil habitantes, sem predominância de faixa etária - a 14ª maior dos Estados Unidos - e, acostumada com casas de praia, também possui condomínios fechados, que estão instalados ao redor da cidade, principalmente. De acordo com Krista, são cerca de 18 deles dentro da cidade - com vários outros projetos sendo construídos - e mais de 100 ao redor.

"Geralmente as casas dos condomínios são menores do que as residências comuns e também obedecem a um padrão. Por isso, é mais comum haver interessados em comprar imóveis do que alugar, o preço dessas casas é um pouco mais baixo", diz, afirmando que os preços imobiliários em geral de Jacksonville são sempre mais baixos do que de outras cidades litorâneas.

Enquanto o metro quadrado no centro da cidade está avaliado em aproximadamente US$400, os condomínios fechados na área sul de Jacksonville - a 20 minutos do centro - oferecem o metro quadrado por US$ 160. "Como o mercado aqui é muito forte, são possíveis grandes oportunidades de negócios", afirma Krista. (Gazeta de Ribeirão)

BARCELONA - ALTO CUSTO DE VIDA

Enquanto Ribeirão Preto, com seus 600 mil habitantes distribuídos em 651 quilômetros quadrados, Barcelona, na Espanha, apresenta uma situação bastante diferente. Dona do mais alto custo de vida da Europa, Barcelona possui 1.600.000 habitantes, e espreme-se entre o oceano e as montanhas em apenas 100 metros quadrados. Ou seja, com mais que o dobro dos habitantes de Ribeirão Preto, em um espaço seis vezes menor.

A tendência, diante dessa situação é o crescimento vertical, o que provocou um boom na oferta de apartamentos por preços exorbitantes. "Lá você encontra apartamentos de 60 metros quadrados por um aluguel de 800 euros ou, se quiser comprar, tem alguns de 35 metros quadrados por 250 mil euros", conta o publicitário espanhol Lucas Ubach Corpas, acostumado a morar sozinho e a transitar pelas ofertas de mercado da cidade. Ele ainda lembra que o salário médio de um trabalhador comum em Barcelona é de 1.200 euros.

A cidade é hoje um pólo educacional europeu e atrai pessoas, a grande maioria jovens, de todos os cantos do mundo. "Lá as pessoas não andam de carro porque não há lugar para estacionar. Todos utilizam o transporte coletivo", diz.

As diferentes circunstâncias é que estimulam as reações sociais nas cidades. Em Barcelona, por exemplo, é possível depender dos serviços públicos como saúde, educação e transporte, por serem altamente qualificados. O professor de psicologia social da USP, Sérgio Kodato, é categórico ao explicar o fenômeno dos condomínios horizontais no Brasil. "As pessoas vão buscar por si o que o poder público não oferece. A segurança é uma delas".