Região tem série de lançamentos e enfrenta polêmica com preservação de área de recarga do Aquífero Guarani.

FRANCINE MICHELI

O desenvolvimento acelerado da Zona Leste de Ribeirão Preto tem atraído uma fatia específica e ampla do mercado: a classe média. A criação de vários novos acessos rodoviários e a valorização do comércio e dos bairros integrantes possibilitaram a instalação de 10 condomínios fechados que oferecem casas entre R$ 90 mil e R$ 130 mil, aproximadamente.

Com base nos dados da PNAD - Pesquisa Nacional de Avaliação por Domicílio -, realizada pelo IBGE, a classe média pode ser definida em três níveis. A classe média alta, com renda familiar acima de R$ 5 mil mensais. Em seguida, a classe média média, com renda mensal entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil e a classe média baixa, com renda mensal de R$ 1 mil a R$ 2,5 mil.

Em um dos condomínios de Ribeirão Preto cujo público-alvo é a classe média, o Ouro Verde, o comprador pode adquirir uma casa por cerca de R$ 99 mil. De acordo com Hugo Brandani, diretor da BCF - Empreendimentos, responsável pelos condomínios Ouro Verde e Ouro Branco, a região apresenta um alto potencial para novos empreendimentos.

"Além de possuir terrenos planos e altos, o preço do metro quadrado é mais barato. Também há as novas entradas para a cidade, com a entrega de novas rodovias. Isso valoriza e muito o local", afirma.

O gerente de vendas Uassyr Pinheiro aproveitou as oportunidades dos condomínios da Zona Leste. Há um ano e meio adquiriu uma casa no Condomínio Ouro Verde por R$ 95 mil. Metade do valor, Pinheiro pagou com recursos próprios e a outra metade financiou em 48 vezes.

"O preço e as condições me levaram a sair de um apartamento e a optar por uma casa em condomínio fechado. Além disso, tenho segurança e contato com o meio ambiente. É morar na cidade com cara de campo".

Para Carlos Schummacher, coordenador de vendas da Construtora Itajaí, responsável pelos condomínios Jatobá e Jequitibá, acredita que a classe média representa um público em potencial.

"A concorrência é alta devido à grande oferta de condomínios horizontais na cidade. Mas a procura também está sendo grande, a classe média também precisa e está à procura de segurança", diz. Quando foi lançado, no ano passado, o residencial Jequitibá oferecia casas a R$ 99mil. Hoje, com uma valorização de quase 30%, o valor subiu para R$ 128 mil, sendo que a primeira etapa das vendas já foi totalmente vendida.

Quem busca preços acessíveis em regiões super valorizadas, pode encontrar casas em torno de R$108 mil nos condomínios Jardim dos Gerânios e Jardim dos Hibiscos, duas exceções entre os altos valores da Zona Sul da cidade.

Lançamentos vão esperar

Novos empreendimentos terão de esperar para serem implantados na Zona Leste de Ribeirão Preto. É o que afirma Carlos Eduardo Alencastre, diretor do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado.

Há cerca de um ano, uma reunião entre a diretoria, a Cetesb, Secretaria Municipal de Planejamento e promotoria pública, definiu que novos empreendimentos na Zona Leste deveriam ser evitados, até que saíssem os primeiros resultados do Projeto de Poluição Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani.

Subsidiado pelo Fundo Mundial de Meio Ambiente e pela Organização dos Estados Americanos - entidade ligada à ONU -, o projeto prevê quatro estudos piloto em diferentes áreas de abrangência do aqüífero. Um desses projetos pilotos tem como objetivo analisar o desenvolvimento e a ocupação urbana de Ribeirão Preto.

A Zona Leste, no caso, está localizada em uma das áreas de recarga do Guarani que se estende em uma faixa de 50 quilômetros em Ribeirão, o que gerou preocupação no que diz respeito à implantação de novos empreendimentos. (Gazeta de Ribeirão)

Não troco por nada

O preço acessível da casa no condomínio Jatobá foi um dos fatores que levaram a jornalista Fabiana Teixeira a comprar o imóvel à vista. Depois de vender o carro e retirar o dinheiro da poupança, Fabiana investiu R$ 95 mil em uma casa de 3 quartos, em 88 metros quadrados. Ela já morava no mesmo condomínio e, depois de casada, preferiu permanecer no local, já que o marido também era morador do residencial. A segurança foi uma das preocupações na hora da escolha. "Como meu marido é músico e sempre chega de madrugada de ônibus com o pessoal da banda e com os equipamentos, preferimos não arriscar e ficar por aqui".

Fabiana, que sempre morou com os pais em casa comum, diz que não troca o condomínio fechado por nada. "A liberdade e a qualidade de vida também são prioridades, principalmente para quem tem ou quer ter filhos. Isso não tem preço. Se não estivesse em um condomínio, estaria gastando com cercas elétricas, vigilantes, alarmes e tantas outras coisas", diz, ressaltando que mudaria de casa, só se for de outro condomínio.