Para evitar que o porteiro durma no ponto, vale lançar mão de estratégias de prevenção e até de equipamentos especiais. Televisão na guarita para mantê-lo acordado não é recomendável.

"Ele não presta atenção nas câmeras e na área frontal do edifício", justifica Luís Henrique Ramalho, 35, diretor-superintendente da administradora Itambé.

A dica de Saulo Araujo Cunha, gerente de RH da administradora Oma, é que o porteiro deve, a intervalos regulares, levantar-se, espreguiçar-se, lavar o rosto, respirar profundamente e tomar uma bebida que contenha cafeína.

Equipamentos mantêm o profissional alerta. Um deles é o "acorda vigia", que soa um bipe a cada 15 minutos, meia ou uma hora, caso ele não aperte um botão quando uma luz acende.

Um relatório acusa todas as vezes em que o alarme disparou, mas não informa imediatamente a falha do empregado, só quando os relatórios são analisados, o que nem sempre ocorre diariamente.

Outra empresa, a Fort Knox, desenvolveu a Portaria Digital, que tem uma microcâmera na guarita, um botão de pânico, um canal de áudio que funciona como um interfone e um sensor de abertura da porta, todos conectados on-line com uma central.

"É como se a supervisão do porteiro fosse feita eletronicamente", explica o gerente comercial, Alexandre Abreu, 34. A empresa também faz rondas periódicas nos 60 prédios que têm o equipamento, que custa, em média, R$ 1.000 mensais para o condomínio.

Antecedentes

Mas, para ficar longe do porteiro dorminhoco, o melhor é buscar informações sobre o profissional antes de contratá-lo. "Devem-se pedir dados de empregos anteriores, com síndicos ou administradoras", afirma Hubert Gebara, 69, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias).

Outra sugestão de Gebara diz respeito à remuneração. "O porteiro deve ser contratado não por um piso mínimo, mas pelo valor médio de mercado, para evitar que tenha dois empregos."

O piso salarial de porteiro vale hoje R$ 511,95. Há 125 mil profissionais atuando em São Paulo, segundo o Sindifícios (Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios de São Paulo).

Paulo Roberto Ferrari, 46, presidente do Sindifícios, afirma que empresas "obrigam porteiros a fazer jornadas de 12 a 14 horas, mas a lei prevê 7h20, com intervalo de uma hora". Eles não podem virar dois turnos trabalhando.

Nem sempre ter dois empregados (um segurança para rondas e um vigia, por
exemplo) é garantia de estado de alerta. "Torna-se necessário controlar ambos, pois um pode encobrir o outro", avisa Ramalho, da Itambé.