O saldo do emprego na construção civil do Estado de São Paulo já é positivo em 10.853 vagas. Os 17.950 postos de trabalho que o setor perdeu em novembro e dezembro - um dos efeitos da crise internacional - foram compensados pela abertura de 28.803 vagas no primeiro semestre de 2009, mostra pesquisa mensal do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-SP).

Os dados, embora positivos, foram interpretados com cautela por Sérgio Watanabe, presidente do Sinduscon-SP. “Se por um lado os números confirmam que as construtoras seguem um ritmo de atividades elevado em 2009, por outro, uma leitura mais atenta mostra mudanças importantes em relação a 2008, especialmente no ritmo e na dinâmica do crescimento”, ressaltou Watanabe.

Em primeiro lugar, o tipo de emprego que está sendo criado agora não se assemelha àqueles que foram perdidos durante a crise. “As empresas mandaram embora os ‘profissionais de escritório’, mas as vagas que estão surgindo agora são mais voltadas para quem trabalha nas obras mesmo”, resume João Crestana, presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).

Em 2008, 45% das vagas criadas no primeiro semestre eram voltadas para a área imobiliária e apenas 22% eram para a área de infraestrutura. Já em 2009, a área imobiliária fica com 29% dos novos empregos e o segmento de infraestrutura, com 32%.

Crestana afirma que a alteração do perfil dos contratados reflete a mudança que o setor sofreu por conta da crise. “Até agosto de 2008, o mercado estava bastante acelerado. Portanto, as empresas contratavam técnicos, engenheiros, economistas, administradores, advogados… enfim, elas recrutavam profissionais cuja função era estruturar a empresa para que ela conseguisse acompanhar o crescimento que era projetado para o mercado naquele momento”, analisa Crestana.

Com a chegada da crise, os cortes ocorreram majoritariamente entre esses profissionais. Porém, quando o mercado iniciou sua recuperação, as empresas precisaram contratar trabalhadores que tocassem as obras. Era necessário voltar a produzir.

Hoje a maior parte das vagas disponíveis é voltada para carpinteiros, armadores (profissionais requisitados na fase inicial das obras) e também pedreiros, eletricistas, encanadores e azulejistas, informa Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon-SP).

Para os trabalhadores que atuam nas obras, os salários oferecidos não sofreram alteração. “Tínhamos medo que as empresas demitissem na crise e contratassem depois por menos, mas isso não aconteceu porque está difícil encontrar profissionais qualificados que aceitem uma remuneração menor”, avalia Ramalho.

Para quem trabalhava em áreas mais técnicas da construção civil e busca uma recolocação, é preciso lidar com a possibilidade de ganhar menos. “Quem foi demitido de uma grande empresa possivelmente vai encontrar vaga em uma empresa de pequeno ou médio porte. E elas tendem a pagar menos”, analisa Crestana.

Os candidatos devem, acima de tudo, ter paciência. Embora desde janeiro o emprego na construção civil só tenha crescido, o ritmo de criação de novas vagas está bem menor este ano do que em 2008. No primeiro semestre de 2009, 28.803 vagas com carteira assinada foram criadas - pouco menos da metade dos 62.460 postos de trabalho que surgiram no mesmo período de 2008. Até o fim deste ano, o setor prevê abrir 30 mil vagas.