O setor da construção civil avançou mais rapidamente no primeiro bimestre do ano e recuperou com pequena folga as perdas em termos de emprego sofridas ao longo de 2005.

Em janeiro e fevereiro, foram criadas 36,6 mil novas vagas (+2,6%) em nível nacional. No final de fevereiro, a construção civil no país empregava 1,432 milhão de trabalhadores formais, 3.000 a mais do que o melhor resultado de 2005, de outubro passado.

Em 2006, as empresas da área esperam crescimento de até 5,1%, muito acima da média registrada nos últimos 15 anos.

Esses e outros dados gerais do setor devem ser apresentados hoje pelo Sinduscon, que representa as empresas do setor.

"As várias esferas de governo estão tirando as travas neste ano eleitoral, dando um sinal claro às empresas de que se pode acreditar em um crescimento real", afirma João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon.

Para 2006, o setor espera investimentos com verbas públicas de R$ 18,7 bilhões para a área habitacional. Um terço dos recursos virá das cadernetas de poupança, e o restante, do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da CEF (Caixa Econômica Federal).

Apesar da expectativa de mais emprego e atividade no setor, o Brasil aumentou em mais de 20% o seu déficit habitacional ao longo dos últimos dez anos.

Enquanto o país cresceu em média 2,3% ao ano nos últimos 15 anos terminados em 2004, o setor de construção teve um desempenho médio de apenas 1,2%.

Para Eduardo Zaidan, da Zaidan Engenharia, apesar da expectativa "moderadamente otimista" para 2006, o governo Lula "não foi bom" para o setor. "Para a área ir bem, é preciso boa gestão em vários setores da economia", afirma.

Em uma escala de 0 a 100, pesquisa realizada entre os empresários da construção mostra um grau de otimismo em torno de 50. "Estamos com a água entre a boca e o nariz", afirma Zaidan.

"Vôos de galinha"

O empresário Mauricio Bianchi, da BKO Engenharia, afirma, por exemplo, que o Brasil "só tem crescido para cima", referindo-se aos lançamentos de edifícios empreendidos pelo setor imobiliário nas grandes cidades.

"Em termos de obras para esgoto, pavimentação e energia elétrica, não tem acontecido quase nada", afirma. Segundo Bianchi, mesmo na área habitacional o setor vem vivendo, assim como a economia como um todo, "vôos de galinha" periódicos.

Por região, o nível de emprego na construção apresentou melhores desempenhos no Norte e no Nordeste, 1,5% e 1,7%, respectivamente. O pior resultado foi na região Sul, com aumento de 0,7%.

Segundo Bianchi, há cerca de 15 anos a construção civil tinha o dobro dos funcionários de hoje. A maior parte do enxugamento deu-se pela redução da atividade e crises no setor, mas também houve ganhos significativos de produtividade.

Em 1995, por exemplo, empresas consideradas produtivas despendiam cerca de 40 homens/hora por m2 construídos. Hoje, a relação é de 32 homens/hora em empresas como a BKO Engenharia. Em obras em que o uso de materiais pré-moldados é intensivo, essa relação já caiu para 16 homens/hora por m2.