Modalidade de investimento no setor imobiliário ganha espaço em Ribeirão e conquista investidores fiéis.

IGOR SAVENHAGO

Uma modalidade de investimento no setor imobiliário, conhecida como construção cooperada, vem ganhando espaço em Ribeirão. De acordo com o CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), a expansão foi de pelo menos 10% nos últimos cinco anos. Outras pessoas envolvidas no assunto, porém, arriscam dizer que o índice chega a 50%.

A construção cooperada consiste no seguinte: um grupo de amigos se reúne, compra um terreno e divide toda a despesa da construção de um prédio, geralmente de três ou quatro andares. Com o empreendimento pronto, cada um recebe a quantidade de apartamentos correspondente ao valor investido. Bairros como o Jardins Nova Aliança e Botânico vêm observando um "boom" deste tipo de negócio. Os investidores alegam que a vantagem é o baixo custo.

Iro Sérgio Bertochi, empresário do ramo de automóveis, possui uma área no Jardim Botânico e já está com o projeto aprovado para a construção de um prédio com 12 apartamentos. Fez uma estimativa de custos da construção e reuniu interessados. Junto com ele, 11 amigos vão bancar a obra. Ao final, cada membro do grupo vai receber um apartamento.

"Na verdade, mais gente gostaria de ter participado, mas só temos 12 cotas. Se tivéssemos mais, teriam sido preenchidas", diz. "Acho que isso é uma das tendências do mercado imobiliário. É uma questão de custo. Você paga o que realmente vale o apartamento", emenda. O pagamento é feito de forma parcelada - em 20 a 30 vezes na maior parte dos casos. Dependendo dos artigos usados no acabamento da obra, o valor das "prestações" pode ser ajustado.

Questionado se o investimento trará mais lucratividade que uma aplicação, bancária, por exemplo, Bertochi explica: "Para trabalhar com o mercado financeiro, é preciso ter muita experiência, conhecimento aprofundado. Além disso, os imóveis representam mais segurança. A toda hora, eu posso ver e tocar a obra na qual apliquei meu dinheiro".

O advogado Ricardo Sordi, investidor fiel deste sistema, já comprou dois apartamentos. O terceiro estará pronto em breve. Outros sete funcionários do escritório onde trabalha também aderiram à construção cooperada. Todos vão adquirir unidades no mesmo prédio. Segundo Sordi, se preferisse comprar um apartamento já pronto, com a mesma estrutura do que está sendo construído, gastaria cerca de 30% mais.

"Neste caso, teríamos que considerar a margem de lucro da construtora, diferente da construção cooperada, em que a gente desembolsa apenas o custo da obra. Outra vantagem é que todos os participantes do grupo podem dar palpites no acabamento, como, por exemplo, cor da tinta e tipo de piso que serão usados". Ele cita, porém, uma desvantagem: "Se alguém atrasa o pagamento da parcela, o andamento da obra também tende a atrasar".

Animados com o crescimento da procura, os empresários Beto Felício, Pedro Adas e Álvaro Luiz Pedreira montaram, há sete anos, uma construtora especializada em atender quem deseja optar pela construção cooperada. Desde então, já entregaram 14 prédios e outros quatro estão em obras - dois no Jardim Botânico, um no Bosque das Juritis e um na rua Prudente de Morais.

Felício acredita que o crescimento da modalidade atingiu cerca de 50% na cidade nos últimos cinco anos. "O setor imobiliário vive um bom momento em Ribeirão. Estamos conseguindo vender as cotas de participação num empreendimento em menos de 30 dias após lançarmos seu projeto de construção", afirma.