Nicola Tornatore

Em mais um indicador da melhora da economia, o estoque de imóveis não-residenciais vagos em Ribeirão Preto caiu no bimestre junho-julho, invertendo uma tendência que se mantinha há quase dois anos. “Por vinte meses o estoque de imóveis não-residenciais (salas, salões e galpões comerciais/ industriais) disponíveis para locação se manteve estável ou aumentou. Agora, ele caiu de 2.850 em fins de maio para cerca de 2.600 imóveis nesse início de agosto”, informa Antonio Vicente Golfeto, diretor do Instituto de Pesquisa “Maurílio Biagi”, da ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto).
Para Golfeto, a redução no estoque de imóveis vagos “é mais uma prova da retomada dos negócios, do aquecimento da economia”.
Na Ribe Imóveis, tradicional imobiliária da cidade, o diretor Ronaldo Aloise aponta um crescimento de 50% nos contratos de locação não-residencial fechados em julho, em relação ao mês anterior. Para ele, o aumento na procura, além de indicar a melhora da economia como um todo, corresponde também a investimentos de quem já está de olho no final do ano. “Se você vai investir num comércio ou na prestação de serviços, abrindo um negócio, inicia o planejamento com a locação do imóvel”, comenta.
Na Dínamo Imóveis, o diretor-proprietário Walter Roberto Maria informa que os números da locação não-residencial mantiveram-se estáveis nos últimos meses, ainda que maiores que os do mesma época do ano passado. A expectativa dele, porém, é de uma melhora nos próximos meses. “O aquecimento da economia vem das exportações, e por isso demora um pouco mais para que essa melhora se faça sentir no mercado interno. Mas acreditamos que em breve o nosso setor vá sentir os efeitos desse momento de aquecimento da economia”, avalia.
Carlos César de Gaetani, diretor da SUP (Sociedade União dos Proprietários), informa que têm sido fechados cerca de três contratos de locação não-residencial por mês. Recentemente a SUP conseguiu alugar um imóvel (novo em sua carteira) que estava fechado, à espera de locação, há mais de três anos meio - um salão comercial na esquina da avenida Capitão Salomão com a rua São Paulo, nos Campos Elísios, locado por uma loja de roupas.

Habitação pressiona custo de vida
Pela primeira vez em dezoito meses, o segmento “habitação” foi o que mais pressionou o custo de vida em Ribeirão Preto no mês de julho, de acordo com a pesquisa ICV (Índice de Custo de Vida) da Associação Comercia e Industrial.
No mês passado, o segmento “habitação” registrou variação de 1,14%, mais que o dobro do segundo colocado - “alimentação”, com alta de 0,52%. Na “habitação” a pressão veio do reajuste nos aluguéis e da alta nas tarifas públicas, que incidem sobre as taxas de condomínio.
Segundo a ACIRP, o custo de vida em julho teve alta de 0,51%. A pesquisa inclui sete segmentos (habitação, alimentação, vestuário, educação, transporte, despesas pessoais e saúde).
Segundo pesquisa da ACIRP, em julho o aluguel não-residencial teve alta média de 2% - o residencial permaneceu estável. Para Vicente Golfeto, do Instituto “Maurílio Biagi”, a queda no estoque de imóveis não-residenciais vagos vai ter como conseqüência direta
uma redução dos níveis do desemprego na cidade.
“Em Ribeirão Preto o desemprego não fica escondido como nas cidades industriais, aqui ele fica à vista de todos, nas placas de aluga-se penduradas em imóveis
não-residenciais. Nosso desemprego não nasce de cortes nas indústrias, mas do fechamento de micro e pequenas empresas. Quando você vê uma placa de aluga-se numa padaria que fechou, são dois ou três postos de trabalho que se foram”, analisa.
“Com a retomada dos negócios, sinalizada pela redução do estoque de imóveis não-residenciais vagos, a tendência é pela abertura de novas vagas”, completa.