Antônio Vicente Golfeto

Imagine você se acabassem as empresas privadas e o desenvolvimento econômico fosse tarefa apenas do Estado. Imediatamente desapareceriam entidades de classe patronais, como associações comerciais, centros de indústrias etc, não é mesmo?
Pois bem, a crise que acometeu os clubes recreativos no Brasil – e ainda está seriamente acometendo – se deve à crise da família.
Os clubes eram locais em que as famílias se reuniam, sobretudo aos sábados, domingos e feriados. Com a família em crise e sofrendo profunda transformação, a conseqüência é esta situação refletir-se nos clubes.
Família é uma sociedade cuja ata de fundação é o casamento. Referimo-nos à família formal. Mas há a informal, igualmente importante.
Também o advento do individualismo – juntamente com a revolução industrial que colocou a mulher no mercado de empregos – contribuiu para a crise familiar.
Margareth Tatcher, líder do Reino Unido, anunciou novos tempos com a frase profética: “não há mais sociedade. Só indivíduos”.
É esta realidade – vitória do individualismo – que se projeta na arquitetura e nas construções.
Ao lado dos apartamentos maiores, destinados a famílias; ao lado de residências em conjuntos fechados, surgem com mais intensidade os imóveis de um único dormitório, com pequeno espaço.
É o imóvel para quem vive só. São solteiros, solteiras, divorciados, filhos que querem deixar o convívio paterno para terem mais liberdade, que formam a demanda para este tipo de construção.
Onde há demanda há oferta, ainda que seja necessário um lapso de tempo para o ajuste.
Vejam, no censo do IBGE de 1950 por exemplo, quantas pessoas moravam sozinhas seja em RP, Cravinhos ou em Batatais.
E vejam no último censo. E faça o cotejo na cidade onde você mora. Não falamos em termos absolutos. É em termos relativos mesmo.
Este tipo de construção vai continuar tendo procura crescente, independente do tipo e do tamanho da cidade, seja ela paulista, mineira ou de qualquer outro estado brasileiro.
E representa sempre um bom investimento.
A vitória do mercado é a vitória do individualismo. E a vitória do individualismo é a confirmação do adágio brasileiro: “cada um para si e Deus para todos”.