foto: Matheus Urenha/A CIDADE Vera Márcia Gomes, como toda comerciante, tem sua rotina de trabalho. Veste o uniforme da empresa, se maquia e vai trabalhar. Mas com um diferencial: para chegar a sua ótica ela só precisa dar alguns passos e abrir uma porta. Essa comodidade, ela conseguiu quando resolveu integrar o endereço comercial ao residencial. Fatores decisivos A decisão aconteceu há nove anos. Vera comenta que o fator que mais pesou foi a segurança “Enquanto eu trabalhava em outro local, minha casa foi assaltada três vezes”, revela. Outro ponto levado em consideração foi ficar próxima ao seu filho, na época um bebê, e acompanhar seu desenvolvimento. Desde que começou a procurar um imóvel, ela já havia projetado na sua mente como seria distribuído o espaço da casa e do comércio. “Transformei a sala e um dos quartos na ótica, a casa ficou restrita” relembra Vera, afirmando que o esforço valeu a pena. Experiência O empresário e tradutor público oficial Paulo Roberto Lopes sempre integrou o espaço comercial ao residencial. Há trinta anos a receita vem dando certo. A comodidade de não se deslocar é essencial para a qualidade de vida. “Não consigo me imaginar tendo de pegar o carro para ir trabalhar”, conclui. Vantagens e desvantagens Quem decide ter um único endereço acaba economizando e diminuindo custos operacionais. Não gastar combustível, não pagar dois aluguéis, não perder tempo no trânsito são algumas das vantagens. “Não preciso sair correndo para o trabalho, nunca me atraso” avalia Vera. Entre as facilidades está também a questão de otimizar o tempo. “Tenho a estrutura do escritório aqui, não preciso ter dois computadores pessoais, por exemplo” afirma Lopes. Para Vera a única desvantagem de ter a empresa no mesmo endereço da residência é não mudar de ares. “Nunca vejo pessoas diferentes, nunca mudo de local, fico meio bitolada” avalia. Já Lopes observa que o problema é não deixar extrapolar o tempo de trabalho. Já que existe a comodidade de ser no mesmo endereço. “Às vezes o telefone da empresa toca , fora do horário comercial, e acabo indo à empresa atender” confessa. Ele comenta ainda que em alguns finas de semana, quando não tem programa definido, aproveita o tempo para adiantar as coisas na no escritório.
LIMITES Definir o espaço físico da empresa é essencial
Nem todos podem desfrutar da comodidade de ter um único endereço. Mas os que vivem esta experiência são unânimes em dizer que para a fórmula dar certo é essencial definir limites. Para Paulo Lopes, definir o espaço físico da empresa é um dos principais pontos. “Tenho portões separados, linhas telefônicas exclusivas da empresa. A placa comercial divide os espaços”, afirma ele. Vera Gomes concorda: “a entrada da minha casa é pelo portão lateral, a ótica tem sua fachada própria”. Assim não se corre o risco de perder a privacidade. Regularize a empresa Ter um único endereço empresarial e residencial exige que questões burocráticas sejam observadas. É preciso respeitar a Constituição Federal e a Lei de Zoneamento do Município. Alguns bairros e ruas não podem ter estabelecimentos comerciais. Wulf Galkowicz, diretor de Tributos Mobiliários, da Secretaria Municipal da Fazenda, esclarece que estas normas são exigidas somente quando se caracterizar como “Instalação comercial”. A consulta na Prefeitura deve ser feita antes mesmo da locação ou compra do imóvel. A partir desta verificação a pessoa recebe da Prefeitura “Certidão de Atividade” que informa da regularidade da atividade no endereço escolhido. O Habite-se do imóvel especificando o tipo de uso, certificado de vistoria dos bombeiros também são necessários. Em algumas situações a vigilância também deve autorizar. “Caso a pessoa não disponha toda esta documentação regularizada o estabelecimento pode ser multado ou até mesmo interditado”, avisa Galkowicz. Mas o diretor enfatiza que quando o trabalho é realizado pela pessoa dentro da sua residência, sem as características já citadas, a situação é legal. |