Toda casa precisa de laje. O tijolo baiano é o material mais barato para erguer paredes. O vaso sanitário que tem caixa acoplada é o que menos gasta água.

À primeira vista indiscutíveis, esses são alguns dos "dogmas" construtivos analisados por engenheiros, construtoras e fabricantes, que mostram quais foram consagrados pela tradição e quais estão prestes a vir abaixo.

Abrir mão da laje é a questão que mais suscita temor dos construtores. Apesar de muitos reconhecerem que, no papel, ela pode ser substituída por forro e subcobertura --sistema mais barato e mais rápido de executar--, poucos se atrevem a fazê-lo na prática.

"Na minha casa, só faria laje", afirma o engenheiro Carim Atala Elmor, 35, que reconhece as vantagens do outro sistema.

A justificativa não é das mais concretas. "As pessoas se sentem mais seguras. O forro dá idéia de fragilidade, de que a casa pode ser invadida facilmente", explica Kurt Amann, 32, coordenador do curso de engenharia civil do Centro Universitário da FEI.

A única laje indispensável, na opinião de especialistas, é a de piso. "É bom fazer a laje se há intenção de ampliar a casa verticalmente no futuro", diz Elmor.

Paredes

Outra idéia pouco contestada é a de que a parede mais barata é a feita com tijolo baiano.

Uma unidade custa R$ 0,22, menos do que os R$ 0,98 de um bloco estrutural de concreto e os R$ 0,90 de um bloco estrutural cerâmico. Mas esse tijolo pede vigas, pilares e cintas para que as paredes sirvam como estrutura.

"Quanto maior o vão, mais custos são agregados ao tijolo baiano para que ele tenha o mesmo desempenho dos blocos", avalia Fabio Villas Bôas, 46, diretor técnico da construtora Tecnisa.

Isso porque uma parede estrutural feita com blocos consome menos concreto e dispensa fôrmas de madeira. E, como as instalações são embutidas nos furos dos blocos, não há necessidade de quebrar as paredes para colocá-las, como ocorre com o tijolo.

Marcio Santos Faria, 49, especialista em blocos para alvenarias da Associação Brasileira de Cimento Portland, fez um estudo e concluiu que a parede de blocos estruturais de concreto é mais barata do que a de tijolos baianos.

Carlos André Fois Lanna, 39, gerente técnico da Uralita (fabricante de blocos cerâmicos), concorda: "A de bloco cerâmico custa de 15% a 20% menos".