Os preços dos imóveis continuarão altos. A velocidade do aumento dos valores, no entanto, deve ser cada vez mais lenta, até que haja uma acomodação. Ninguém se arrisca a prever quando essa estabilização ocorrerá. Mas especialistas explicam que, diante dos atuais patamares de preço, não há mais muita margem para novas valorizações.

O cenário traçado por especialistas conclui duas coisas. A primeira é que adquirir imóveis como investimento já não é mais tão vantajoso. A segunda tem a ver com quem quer comprar a casa própria. Os integrantes deste grupo, portanto, têm de colocar os atuais preços no planejamento financeiro, uma vez que esperar para ver se os valores caem pode não adiantar.

A menor velocidade no ritmo de alta, como já foi constatado pelo índice FipeZap no decorrer de 2011, deve continuar sobretudo pela retração na demanda.

José Augusto Viana, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), cita que no ano passado já houve um encolhimento no volume de negócios fechados, tanto em imóveis novos quanto nos usados. 'Foram vendidos 26% menos usados e quase 40% menos imóveis novos', calcula.

Para ele, esse é um sinal claro de que o mercado precisa se adequar à renda do comprador, ou verá seus negócios minguarem. 'Queda de preço é algo que eu não creio que ocorrerá. Mas o mercado precisa estabilizar os preços', completa o presidente do Creci-SP.

Os preços médios dos imóveis prontos no País subiram 26% no ano passado na comparação com os valores de 2010, segundo o índice FipeZap. A valorização é muito mais expressiva do que qualquer outra aplicação financeira no País.

O ouro, por exemplo, que foi a modalidade de investimento que mais rendeu no ano passado, teve alta de 15,85%. 'As altas no mercado imobiliário têm sido muito expressivas. Diante disso, há uma lógica de que os aumentos tendem a diminuir', insiste Fábio Colombo, administrador de investimentos, que atua no mercado há mais de 20 anos. 'E como as vendas estão caindo, há uma expectativa de que os preços caiam ou, pelo menos, se ajustem. Mas não dá para dizer se isso já começa em 2012', emenda Fábio Braga, diretor da Porto Seguro Consórcio.

Embora Fábio Colombo concorde que a alta nos preços não tem mais muita margem para continuar, ele pontua que as reduções que devem ser promovidas na taxa básica de juros (Selic) ao longo de 2012 deixarão os imóveis para locação mais atrativos como investimento, na comparação com as modalidades de aplicação da renda fixa (como a caderneta de poupança, CDBs, fundos DI e de renda fixa). 'O imóvel é uma alternativa para investidores conservadores e moderados', detalha o especialista. Comprar um imóvel agora, esperar a valorização para depois vendê-lo, no entanto, não é recomendado por Colombo.

Descompasso. Samy Dana, PhD em finanças e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), no entanto, é enfático ao dizer que há uma valorização forçada nos imóveis, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro.

'E, para piorar, os aluguéis não acompanharam a alta no valor do imóvel', emenda o acadêmico. Dana afirma até, com base em cálculos, que há fortíssimo risco de bolha imobiliária no País justamente por esse descompasso na evolução do preço do ativo imóvel e do aluguel nos últimos anos no País.

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