De olho no consumidor de baixa e média renda, as construtoras lançaram imóveis menores - e mais baratos - em 2009, mudando o perfil do mercado imobiliário paulistano. Até o ano passado, as unidades de três dormitórios respondiam pela maior parte dos lançamentos. Agora, quem for comprar a casa própria vai perceber que a oferta se concentra nas de dois dormitórios.

 Imóveis com dois quartos passaram de 34,6% dos lançamentos em 2008 (Foto: Divulgação)

Imóveis com dois quartos passaram de 34,6% dos lançamentos em 2008 (Foto: Divulgação)

Segundo estudo do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) divulgado ontem, os imóveis com dois quartos passaram de 34,6% dos lançamentos em 2008 para 45,9% em 2009. Já as unidades com três quartos caíram de 38,2% para 32,4% do total (veja ao lado).

Crédito mais farto e mais barato explica, em parte, a mudança de perfil das unidades lançadas. Em 2009, os juros caíram, e o volume de recursos voltados ao financiamento imobiliário aumentou - devendo fechar o ano na casa dos R$ 32 bilhões, 6,3% a mais que os R$ 30,1 bilhões emprestados em 2008. Com isso, ficou mais fácil fazer a prestação da casa própria caber no bolso.

Mas o principal incentivo para as construtoras mudarem de foco, investindo menos em imóveis de alto padrão e priorizando os populares, partiu do governo. Com o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, que subsidia o financiamento de imóveis novos de até R$ 130 mil voltados para famílias com renda de até dez salários mínimos, o mercado recebeu uma injeção de capital para empréstimos diretos a construtoras e mutuários. Somados os recursos do FGTS, do Orçamento Geral da União e do BNDES, o projeto vai contar com uma verba total de R$ 34 bilhões até 2010.

EM SINTONIA - “Os produtos ofertados pelas incorporadoras, na cidade de São Paulo, agora estão indo ao encontro das necessidades do consumidor”, avalia Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. As vendas de 2009 mostram que Petrucci está certo. De acordo com a pesquisa do Secovi-SP, 41,5% dos imóveis novos vendidos em 2009 tinham dois dormitórios. Em 2008, eles eram 31,7%.

O comportamento das vendas dos imóveis usados já indicava que havia uma lacuna no mercado a ser preenchida. “Para as imobiliárias, as casas e apartamentos de dois quartos sempre foram os mais vendidos”, relata José Viana neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP). Em 2009, os usados responderam por mais de 50% das unidades comercializadas.

“Os imóveis usados chegam a custar até metade do preço dos novos, e há opções muito variadas”, descreve Viana. “Por isso, quem não encontrava um imóvel novo por um preço acessível ou no tamanho que queria, se voltava para os imóveis usados.”
A tendência é que as construtoras continuem lançando imóveis populares em 2010. Afinal, apenas 300 mil unidades foram contratadas pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’ em todo País até agora, estima o Secovi-SP. Para cumprir a meta do programa de financiar 1 milhão de moradias até 2010, faltariam, portanto, 700 mil contratos a serem fechados em 12 meses. Do total de imóveis financiados pelo projeto, 184 mil devem estar no Estado de São Paulo.

COMO FAZER:
PARA QUEM GANHA ATÉ TRÊS SALÁRIOS MÍNIMOS - É preciso procurar a prefeitura, o governo do Estado ou movimentos sociais para se cadastrar no ‘Minha Casa, Minha Vida’

A parcela a ser paga durante dez anos será simbólica: o custo mínimo é de R$ 50 e pode chegar a, no máximo, 10% da renda

PARA QUEM GANHA DE QUATRO A DEZ SALÁRIOS - A venda dos imóveis será feita por meio das próprias construtoras e da Caixa Econômica Federal.

Basta encontrar um imóvel novo, que custe até R$ 130 mil e solicitar no financiamento um financiamento do ‘Minha Casa, Minha Vida’.

Será preciso passar por uma análise de crédito.