DÉBORA FANTINI

Comprar a casa própria é um destino recomendado para o acerto do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) que foi depositado em mais de 300 mil contas neste mês.

O dinheiro, referente à correção monetária dos planos Verão e Collor, só pode ser sacado em caso de demissão sem justa causa, aposentadoria, três anos fora do regime de contribuição ou para financiamento habitacional, regras válidas para qualquer retirada do fundo.

Como o rendimento do FGTS --3% anuais mais TR-- é menor até que o da poupança, uma aplicação de baixa remuneração, e não é permitido retirar o dinheiro para fazer outro investimento financeiro, a melhor alternativa é gastá-lo em um imóvel --especialmente para reduzir o crédito tomado do banco para financiar o bem.

"Deixar o dinheiro parado no FGTS é deixá-lo desvalorizar-se em termos reais, quando comparado a outras formas de investimento. Caso seja possível aplicar o fundo em um imóvel, faça-o", recomenda o vice-presidente da Anefac (associação de executivos de finanças), Andrew Storfer, 50.

Mas, na hora de adquirir a casa ou o apartamento, a maioria não se lembra de que, se o recurso do FGTS não é suficiente para pagar à vista pelo bem, ele pode ser usado para amenizar um financiamento.

Estudo da imobiliária Itaplan, feito em 2006 com 2.500 compradores de imóveis de dois e de três quartos, mostra que 42% usaram o FGTS para abater parte do financiamento.

O ideal, nesse caso, é fazer um saque integral do fundo no ato da compra e usar os depósitos seguintes para amortizar as prestações mensalmente.

Pelas regras do FGTS, o intervalo entre retiradas pelo dono do fundo é de dois anos, mas a instituição financeira pode fazer um contrato em que resgate todo mês, direto da conta do FGTS do comprador, o saldo para amortizar as parcelas.

"O comprador só tem a ganhar, pois o saldo devedor [do financiamento] é corrigido a índices bem superiores aos do FGTS", compara o presidente do Cofeci (conselho de corretores), João Teodoro da Silva, 55.

Tempo de engorda

Engordar o FGTS antes de gastar é uma estratégia que depende da urgência em adquirir o imóvel. No caso da secretária Rosângela Lucchetti, 40, e do técnico de trânsito Carlos de Oliveira, 40, foi possível contar 15 anos acumulando o dinheiro do fundo de ambos.

"Pudemos esperar porque morávamos numa casa que é do meu pai", pondera Lucchetti. O apartamento de R$ 110 mil, 110 m2 e dois quartos no Tatuapé (zona leste) foi pago à vista pelo casal. "Cogitamos fazer financiamento, mas as prestações eram maiores que R$ 1.000, por, em média, dez anos."