Jucimara de Pauda

foto: F.L.Piton/A CIDADE
Os moradores da favela Itápolis, localizada no Jardim Aeroporto, deverão receber do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) canos de PVC e todo o material necessário para a implantação de rede de esgoto no local. A informação é do superintendente do Daerp, Darvin José Alves. “Um engenheiro nosso também vai orientar os moradores para que eles façam as ligações de maneira correta”, explica.
Segundo Alves, a rede de esgoto já existe, mas não atingiu a todos os barracos porque as máquinas do departamento não conseguiram entrar nas ruas estreitas da favela.
“Os moradores se dispuseram a entrar com a mão-de-obra e nós vamos entrar com o material para ajudar a sanear a área”, enfatiza.
A favela Itápolis foi construída em uma área destinada ao lazer dos moradores do Jardim Aeroporto. No local a prefeitura deveria ter construído uma praça. Uma ação da Promotoria da Habitação e Urbanismo pede que as famílias daquela área sejam removidas e assentadas.
“Ali é área verde de exclusão de ruído do aeroporto Leite Lopes e não tem como as pessoas ficarem no local”, diz o promotor Antônio Alberto Machado.
“Mas têm algumas situações emergenciais e agudas pelas quais é preciso socorrer a população e, por isto, a gente entende a situação destas famílias que precisam da rede de esgoto com urgência”, salienta
Três mil pessoas
Um levantamento realizado pela Secretaria Municipal da Cidadania de Ribeirão Preto mostra que a cidade possui 19 mil pessoas vivendo em 31 núcleos de favelas.
Pesquisa feita pela Associação dos Moradores das favelas da Mata e Itápolis constatou que nos dois complexos habitacionais moram cerca de três mil pessoas. No ano passado a rede de esgoto e de energia elétrica foi instalada na favela da Mata, que fica ao lado do aeroporto Leite Lopes, local considerado de risco e de preservação ambiental.
“Sofremos muito, mas hoje vivemos com um pouco de dignidade. Queremos estender esta dignidade para as pessoas que moram na favela Itápolis também”, diz o presidente da Associação de Moradores, Clodoaldo Marques.
A maioria dos moradores das duas favelas veio do Nordeste em busca de uma vida melhor e eles têm consciência que moram em área proibida por lei.
“Sabemos que podem pedir a reintegração de posse a qualquer momento, mas estamos aqui porque não temos onde morar. O ideal é que a prefeitura urbanize esta área”, ressalta Marques.
Compartilhamento
Este mesmo sentimento é compartilhado pelo maranhense Manuel Teixeira Cunha que está em Ribeirão Preto há sete anos.
“Vim para cá em busca de um sonho. Já trabalhei muito em Ribeirão e agora estou desempregado por isto moro na favela. O mínimo que precisamos é de condições dignas de moradia”, diz Cunha.

Riscos de doenças e de contaminação

Quem caminha pela favela Itápolis se depara com as crianças que brincam e pisam o tempo todo no esgoto que corre a céu aberto pelas ruas da localidade.
Muitas crianças ficam doentes por causa da falta de saneamento básico.
“Aqui na minha casa o esgoto volta para o banheiro e o odor invade tudo”, afirma Edna Aparecida Alves. “Minha filha está sempre doente, ela vive com diarréia”.
Em alguns trechos da favela canos com água tratada se encontram com o esgoto. “Aqui tem um sério risco de contaminação”, salienta o presidente da Associação de Moradores, Clodoaldo Marques.
Em algumas casas que têm fossas elas já estão cheias e correm o risco de desbarrancar. É o que acontece na casa da Lucineide Maria do Nascimento.
“Já não tem mais onde furar o quintal para fazer fossa. A que eu tenho está caindo há meses e até a estrutura da minha casa já foi afetada”, diz ela.
Os moradores também explicam que as fossas representam um perigo constante para as crianças.
“O meu neto quase caiu na fossa e se isto tivesse acontecido ele poderia ter morrido”, desabafa Maria Geralda Teixeira Andrade, que mora com quatro filhos e um neto na favela Itápolis.
Por todos estes motivos os moradores alegam que precisam com urgência da rede de esgoto.
“Se o Daerp realmente entrar com o material a gente vai cavar os buracos e fazer a rede de esgoto porque é a nossa maior necessidade”, afirma Lucineide.