Governos são assim mesmo: tiram o mais e depois dão o menos. Os sucessivos governos brasileiros não fogem à regra. Vejamos agora os considerados auxílios para a poderosa indústria da construção civil. Dizemos poderosa porque ela é a que mais cria empregos em todo Brasil. E não tem a mesma atenção que outras. Como a indústria automobilística, por exemplo. Certamente porque tem lobby menos expressivo. Governar é administrar pressão, não é mesmo?
O poder público dos três níveis retira 40% da renda nacional, que é o que denominamos de carga tributária. Depois reduz taxa de juros, subsidia crédito e outras coisas menos importantes. Como se fosse compensação. Que compensa muito pouco.
Menos mal, diria um otimista. E ele está certo porque, ao longo da existência, verifica-se que pessimistas ficam famosos. Otimistas ficam ricos.
A mídia informa que o Conselho Curador do FGTS baixa pacote de medidas para ajudar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na vertente da construção civil.
E inclusive destina parte especial para as pessoas físicas. Não apenas as empresas – construtoras principalmente – e as municipalidades, que receberão recursos para implementação de projetos de saneamento, mas o cidadão comum igualmente poderá valer-se do benefício.
Nos novos empréstimos habitacionais – somente os novos, os aprovados a partir da edição das medidas – para famílias com renda mensal entre R$ 3,9 mil e R$ 4,9 mil, os juros foram reduzidos de 8 para 6,5% ao ano, mais TR (Taxa Referencial). Para este segmento – pessoas físicas – o CC (Conselho Curador) do FGTS acima referido, já destinou 450 milhões de reais para financiamento da casa própria em 2 007.
Pela renda familiar nota-se que apenas parcela da classe média será beneficiada.
Não estão incluídos os mais pobres, as pessoas pertencentes a famílias com renda de até cinco salários mínimos ou cerca de R$ 1,9 mil. Estas pessoas igualmente formam uma demanda que, embora com menor poder de fogo do ângulo de recursos e de renda, tem muito mais interessados em potencial.
A indústria da construção civil é uma atividade que tem importância econômica singular, única.
Mas tem também impressionante poder de fogo do ângulo social. Gera muitos empregos, exatamente no momento em que a mecanização chega mais firmemente à agricultura e libera muita mão-de-obra.
Mas também reduz as despesas das famílias na medida em que elas deixam de pagar o aluguel. Os inquilinos passam a ser mutuários, adquirentes de imóveis com expectativa de ser proprietários, de maneira que o pagamento da prestação substitui o locativo.
Nos termos postos, os financiamentos começam a ficar atraentes. Não custa você se informar, se houver interesse.


Vicente Golfeto                                                                                                                                                                                       Jornal A Cidade - 18/08/07