No momento em que o mercado imobiliário se prepara para o lançar novos empreendimentos em São Paulo a greve do Judiciário estadual ameaça os negócios e pode trazer prejuízos para proprietários, empreendedores, vendedores e incorporadores. A paralisação causa problemas porque impede a emissão de certidões negativas e entradas em ações de despejo. "Há empresas prontas para lançar novos empreendimentos em agosto, mas a falta da certidão negativa para o registro da incorporação impede isso", afirma o diretor da imobiliária Fernandez Mera, Gonzalo Fernandez Mera.

A certidão negativa, que mostra que a empresa ou pessoa física tem a vida em ordem, é emitida pelos distribuidores do Judiciário estadual que aderiram a paralisação que já soma 31 dias.

O atraso pode acarretar prejuízos a curto prazo já que o quadrimestre de agosto a novembro é considerado um bom período para os negócios imobiliários. "Essa paralisação do Fórum é mais grave porque os distribuidores aderiram à greve. São estes setores que têm os cadastros com os dados para a emissão de certidões e é o local onde ingressamos as ações de despejo", diz a gerente do departamento jurídico da Lello Locação e Venda de Imóveis, Moira Regina de Toledo. Para Moira, os prejuízos com relação as ações de despejo podem ser maiores já que o processo demora de seis meses a um ano para ser solucionado e quanto mais se demora para entrar com a ação o estrago financeiro.

A ausência da certidão negativa causa uma insegurança jurídica e impede a concretização de negócios. "Deixei de fazer uma venda ontem porque o comprador daria 10% de entrada pelo imóvel e o restante na apresentação da documentação, mas sem a certidão não é possível saber quando os documentos ficarão prontos", conta o proprietário da Beltrão Negócios Imobiliários, Mário Beltrão. O atraso atrapalha os agentes de mercado como imobiliárias e corretores que são obrigados a adiar as campanhas de vendas.

"A Lei das Incorporações exige uma série de documentos e entre eles a certidão negativa para saber se não há tributos pendentes e que tudo o mais esteja em ordem e isso atrasa lançamentos", afirma o vice-presidente da Coelho da Fonseca, Sérgio Vieira.

Vieira destaca que os negócios realizados entre terceiros - venda e compra de imóveis de pessoas físicas - também sofre as conseqüências da greve. "O desdobramento da paralisação pode ter conseqüências graves para todo mundo, mesmo que a pessoa seja honesta", diz ele.

Até mesmo os financiamentos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) que também exigem a certidão negativa.