Até a primeira prévia de junho, o índice acumula aumentos de 3,24% no ano, e de 8,75% em 12 meses. A queda registrada para a primeira prévia do IGP-M de junho deste ano foi a mais forte, para uma primeira prévia, desde dezembro de 2009, quando a prévia do indicador caiu 0,16%.

A FGV informou ainda os resultados dos três indicadores que compõem a primeira prévia do IGP-M de junho. O IPA-M teve queda de 0,53% na primeira prévia do índice este mês, em comparação com a alta de 0,60% na primeira prévia de maio. A partir dos dados da série histórica, é possível perceber que o IPA-M registrou a menor taxa para este índice, dentro de uma primeira prévia, desde agosto de 2009, quando caiu 1,09%.

Por sua vez, o IPC-M apresentou taxa negativa de 0,18% na prévia anunciada hoje, após subir 0,87% na primeira prévia do mês passado.O IPC-M apresentou a menor taxa  desde agosto de 2010, quando o IPC-M caiu 0,40%.

Já o INCC-M teve elevação de 2,97% na primeira prévia deste mês, após registrar aumento de 0,94% na primeira prévia de maio. A trajetória mais atípica ficou com o INCC-M que teve a mais forte elevação desde setembro de 1997, quando subiu 8%.

O IGP-M é muito usado para reajuste no preço do aluguel. Até a primeira prévia de junho, o índice acumula aumentos de 3,24% no ano, e de 8,75% em 12 meses. O período de coleta de preços para cálculo da primeira prévia do IGP-M de junho foi do dia 21 a 31 de maio.

Atacado

Até a primeira prévia do IGP-M de junho, a inflação atacadista medida pelo IPA-M registra aumentos acumulados de 2,41% no ano e de 9,57% em 12 meses. O IPA representa 60% do total do indicador.

De acordo com a fundação, os preços dos produtos agrícolas no atacado acumulam taxas positivas de 0,40% no ano e de 18,88% em 12 meses, até a primeira prévia do IGP-M de junho. Já os preços dos produtos industriais no atacado mostraram altas de 3,13% no ano e de 6,64% em 12 meses, até a primeira prévia de junho.

Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais acumulam aumentos de 1,13% no ano e de 4,25% em 12 meses até a primeira prévia do IGP-M de junho. Já os preços dos bens intermediários subiram 2,63% no ano, e avançaram 5,15% em 12 meses, até a primeira prévia do mês. Por fim, os preços das matérias-primas brutas registram aumento de 3,60% no ano, e acumulam alta de 23,51% em 12 meses, até a primeira prévia anunciada hoje.

Entre os produtos pesquisados no atacado, as altas mais expressivas na primeira prévia do IGP-M de junho foram registradas em minério de ferro (9,38%); soja em grão (2,79%); e leite in natura (2,80%). Já as mais expressivas quedas de preço no atacado foram apuradas em algodão em caroço (-17,44%); álcool etílico anidro (-34,39%); e aves (-7,54%).

Varejo

A inflação varejista medida pelo IPC-M acumula altas de 3,93% no ano e de 6,22% em 12 meses, até a primeira prévia do IGP-M de junho. O IPC representa 30% do total do IGP-M.

Segundo a FGV, o retorno à deflação na taxa do IPC, da primeira prévia do IGP-M de maio para igual prévia em junho (de 0,87% para -0,18%) foi causado por decréscimos nas taxas de variação de preços em todas as sete classes de despesa usadas para cálculo do indicador.

Entre os destaques está o grupo Alimentação, cujos preços saíram de uma alta de 0,75% para uma queda de 0,82%, de abril para maio. Nesta classe de despesa, houve quedas e desacelerações de preços em produtos de peso no cálculo da inflação dos alimentos. É o caso de hortaliças e legumes (de 4,26% para -3,73%), frutas (de -1,45% para -1,42%), laticínios (de 2,18% para 0,98%) e pescados frescos (de -0,46% para -3,66%).

As outras classes de despesa que também tiveram taxas de inflação menos intensas ou queda de preços foram Transportes (de 1,78% para -1,11%), Vestuário (de 1,91% para 0,54%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 1,29% para 0,45%), Despesas Diversas (de 0,48% para 0,07%), Educação, Leitura e Recreação (de 0,38% para 0,16%) e Habitação (de 0,51% para 0,36%).

Entre os produtos pesquisados no varejo, as altas de preço mais expressivas na primeira prévia do IGP-M de junho foram registradas em tomate (9,80%); aluguel residencial (0,46%); e alho (5,56%). Já as mais expressivas quedas de preço foram apuradas em batata-inglesa (-22,80%); álcool combustível (-16,28%); e gasolina (-2,15%).

Desaceleração

Quedas e desacelerações de preços espalhadas no atacado e no varejo levaram à taxa negativa de 0,09% da primeira prévia do IGP-M de junho - e ajudaram a conter o impacto, na inflação medida pelo indicador, do avanço intenso de preços na construção civil, no período. A análise partiu do coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.

Ele comentou não ser possível afirmar que tenha ocorrido uma "queda de preços generalizada" na primeira prévia de junho. "Ainda é possível encontrar exemplos de elevações no atacado", lembrou o especialista. Entre estas elevações está a do minério de ferro, cujo preço é reajustado trimestralmente pela Vale e que subiu 9,38% no atacado, na primeira prévia.
Mas considerou que o movimento de preços registrado na primeira prévia de junho mostrou sinais de trajetória descendente em várias cadeias de produtos diferentes, tanto no setor varejista quanto no setor atacadista.

"O que podemos dizer, no momento, é que a desaceleração de preços na primeira prévia de junho é visível em todas as classes de despesa do varejo; e em todos os estágios de produção pesquisados no atacado", resumiu o especialista.

No setor agropecuário atacadista, os destaques entre as quedas de preço ficaram com as commodities, como os recuos registrados em bovinos (-2,59%); e algodão em caroço (-17,44%). No setor industrial no atacado, a contribuição da queda do álcool etílico anidro (-34,39%) foi preponderante. "O álcool foi destaque, mas não é o único a registrar queda de preços. Outros itens de peso no cálculo da inflação, originados da cadeia siderúrgica e petroquímica, também mostram quedas e desaceleração de preços", afirmou.

Já no varejo, uma das maiores contribuições para a queda de preços percebida pelo consumidor na primeira prévia foram os alimentos in natura, que estão em forte queda, atualmente. É o caso de hortaliças e legumes (-3,73%); e frutas (-1,42%).

Sobre a construção civil, Quadros lembrou que, assim como já apurado no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio divulgado esta semana, os preços no setor foram puxados para cima devido ao reajuste nos preços de mão de obra, realizados nesta época do ano. "Mas mesmo com o avanço mais intenso na construção, isso não foi tão preponderante na primeira prévia, que foi norteada mesmo pelas taxas negativas de preço no atacado e no varejo", afirmou.

Construção

A inflação na construção civil apurada pelo INCC-M acumula elevações de 7,13% no ano e de 9,45% em 12 meses até primeira prévia do IGP-M de junho. O INCC representa 10% do total do IGP-M.

De acordo com a fundação, a forte aceleração na taxa do INCC, da primeira prévia de maio para igual prévia em junho (de 0,94% para 2,97%) foi influenciada principalmente por taxa de inflação mais forte nos preços de mão de obra (de 1,55% para 5,54%) no mesmo período.

Na análise por produtos, as altas de preço mais expressivas na construção civil na primeira prévia deste mês foram registradas em ajudante especializado (5,11%); servente (5,35%); e carpinteiro - forma, esquadria e telhado (5,76%). Já as mais expressivas quedas de preço foram apuradas em condutores elétricos (-6,31%); argamassa (-0,11%); e madeira para telhados (-0,03%).

Setores

A deflação agropecuária se intensificou no atacado. Os preços dos produtos agrícolas atacadistas caíram 2,78% na primeira prévia do IGP-M de junho, em comparação com a queda de 0,02% na primeira prévia do mesmo índice em maio.

A FGV divulgou ainda que os preços dos produtos industriais no atacado tiveram alta de 0,29% na primeira prévia do índice deste mês, em comparação com a elevação mais intensa, de 0,83%, na primeira prévia de maio.

Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais tiveram queda de 0,50% na primeira prévia de junho, em comparação com o avanço de 0,14% na primeira prévia de maio.

Por sua vez, os preços dos bens intermediários tiveram taxa negativa de 0,52% na primeira prévia de junho, após subirem 0,80% na primeira prévia de maio. Já os preços das matérias-primas brutas tiveram queda de 0,57% na primeira prévia de junho, em comparação com a alta de 0,87% na primeira prévia do indicador de maio.
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