O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) - indicador adotado no reajuste da maior parte dos contratos de aluguel de imóveis residenciais - encerrou este ano em deflação pela primeira vez em sua história, iniciada em 1989. A notícia interessa a locadores e inquilinos, mas especialistas no setor imobiliário de Rio Preto acreditam que a maioria dos contratos de locação em vigência não deverá ter alterações.
O indicador ficou negativo em 1,72% em 2009 após apresentar aumento de 9,81% em 2008. Até hoje, a menor taxa anual do IGP-M era referente ao ano de 2005, quando subiu 1,21%. O desempenho anual do IGP-M foi anunciado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que também divulgou o resultado de dezembro do índice. No último mês do ano, o indicador teve queda de 0,26%, após subir 0,10% em novembro.
Em Rio Preto, a redução do índice não deverá ser sentida pelo locatário de imóveis, na opinião de especialistas do setor imobiliários. Isso porque, segundo eles, o que prevalece nessa relação é o bom senso, apesar de que se o inquilino exigir, o proprietário é obrigado a aplicar o índice negativo.
“A negociação entre inquilino e proprietário é tranquila e normalmente entram num acordo para beneficiar os dois. O proprietário não quer perder o bom inquilino, que também sabe o custo e desgaste provocado pela mudança”, afirma Joaquim Mendonça Ribeiro, diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi) de Rio Preto.
Segundo ele, o valor médio do aluguel em Rio Preto oscila entre R$ 600 e R$ 700. Atualmente, o período é de aumento na procura por imóveis em função de mudanças de estudantes e trabalhadores. “Há opções disponíveis, mas as com valores menores são mais difíceis.”
Para Sabino Sidney Pietro, delegado regional do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), como a redução de valor é mínima, muitos locatários, sabendo que o imóvel está no valor de mercado, acabam pagando o mesmo valor. “Acaba predominando o bom senso. A redução dá estabilidade para o locatário e é boa para o proprietário, que não fica com seu imóvel desocupado”, disse.
Segundo Jorge D´Amico, proprietário da imobiliária D´Amico, a deflação do IGP-M ajuda a proteger a correção do valor do aluguel de quem já tem contrato em andamento. “O mercado imobiliário está em expansão e a tendência é de alta de preços para novos aluguéis.”
Ele afirma que, quando o IGP-M atingiu 15%, em 2007, o valor integral só foi aplicado a aluguéis que realmente estavam defasados. “Agora, fica o bom senso de renegociar para que o valor não fique muito defasado.”
Composição
A FGV anunciou ainda os resultados dos três indicadores que compõem o IGP-M de dezembro. O Índice de Preços por Atacado - Mercado (IPA-M) caiu 0,50% este mês, ante elevação de 0,08% em novembro. Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor - Mercado (IPC-M) apresentou elevação de 0,20% em dezembro, ante aumento de 0,14% em novembro. Já o Índice Nacional de Custos da Construção - Mercado (INCC-M) registrou alta de 0,20% em dezembro, ante avanço de 0,18% em novembro.
O período de coleta de preços para cálculo do IGP-M de dezembro foi do dia 21 de novembro a 20 de dezembro. “Essa deflação histórica do IGP-M registrada neste ano foi resultado da combinação da crise global com a crise local”, afirma o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. Ele explica que a crise internacional jogou os preços em dólar das commodities para baixo. Além disso, a valorização do real em relação ao dólar, que atingiu 25% neste ano em razão da entrada de capitais externos porque o Brasil saiu mais rapidamente da recessão em relação a outros países, potencializou o efeito da crise financeira nos índices de preços.

Agência Estado - 30/12/2009