Quanto tempo vale a pena esperar para baixar o preço de uma casa ou de um apartamento antes de a placa de "vende-se" ou "aluga-se" começar a juntar poeira?

É difícil saber quão longa será a espera por uma negociação satisfatória. O tempo ideal varia de acordo com o caso e depende de fatores como preço --muitas vezes, o principal deles--, localização, tamanho e estado de conservação do imóvel e até mesmo da flexibilidade do proprietário na hora de negociar.

Mesmo assim, o mercado dá suas pistas. No caso de locações, levantamento do Secovi-SP (sindicato de imobiliárias e construtoras) indica que o número de dias necessários para achar um inquilino não varia muito --no primeiro semestre, levou 38 dias.

Segundo Roseli Hernandes, 42, gerente de vendas e locações da Lello, os prazos podem ser maiores: na imobiliária, as casas de três ou quatro quartos levam até 90 dias para serem locadas, e os apartamentos, até cem dias.

Quando se trata de vender, é comum o proprietário se assustar com uma proposta feita logo no primeiro dia e acabar perdendo o negócio por interpretar sua sorte como erro de avaliação, afirma o corretor Roberto Capuano, 60.

"É por isso que não vale a pena resistir a negociar com o primeiro que fizer boa proposta", concorda o consultor Marcelo Gurgel, 48.

Fazendo as contas

José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (conselho de corretores), avisa que, passados 90 dias, o tempo corre contra o proprietário porque, na ponta do lápis, apartamento fechado é sinônimo de prejuízo. E quem gasta R$ 1.000 por mês e não aceita R$ 90 mil por um imóvel de R$ 100 mil corre o risco de bancar as despesas por meses a fio e vendê-lo por menos. "Às vezes, a sensação imediata de perda se sobrepõe à lógica", ensina Capuano.

O raciocínio vale para o caso de locação, se o proprietário resistir a descontar alguns reais. O mesmo se aplica à venda para quitar uma dívida no banco, cujos juros consomem o desconto negado.

Segundo os especialistas, a avaliação criteriosa do imóvel, que define o chamado "valor de mercado", é a chave de uma boa negociação e evita falsas expectativas.

Que o diga o dentista João Guadagnucci, 50, que levou um ano para vender um sobrado, aceitando 32% a menos que o preço inicial. "A avaliação desconsiderou que na mesma rua a concorrência era grande. Perdi muito tempo."