Antônio Vicente Golfeto

Aplicar recursos poupados em imóveis – para deles obter rendimentos mensais sob a forma de aluguel - não é o que deve mover o dono do capital. Muito menos se ele, no momento da aplicação, estiver pensando em revendê-lo quando necessário. A liquidez, bom lembrar, é muito pequena. E, se não está aumentando, também não está diminuindo.
O que deve levar o investidor – se ele optar por esta modalidade de aplicação de seus capitais – a comprar um imóvel para renda é a segurança. Dizemos renda mesmo quando ela é capitalizada, isto é, é embutida na valorização que – conforme o imóvel – o terreno apresenta. Assim, ela pode oferecer dois rendimentos: um é o aluguel e outro é a valorização que acaba acontecendo, quando a compra foi bem feita.
Com imóveis pode-se ganhar muito mais na compra do que na venda.
De qualquer forma, quando além da segurança o imóvel rende algo, nada mal. Agora, é preciso analisar o fato levando-se em consideração o seguinte:
1- o aluguel de um imóvel, sua renda, é sempre um preço de mercado, isto é, sujeito à lei da oferta e da procura;
2- o imóvel deprecia com o tempo. Referimo-nos à parte construída, que pode carecer de reformas, reparos e consertos. Aí dois custos pesam. O primeiro é a mão-de-obra do profissional da construção civil (azulejista, encanador, pedreiro, servente de pedreiro, pintor). O segundo é o material de construção. Neste caso o problema é maior. Vejamos algumas razões.
Se o aluguel é um preço típico de mercado os materiais de construção, na sua maior parte, não são. Cimento, azulejo, tintas, madeiras, produtos de serralheira não raro têm preços cartelizados. E, como tal, sobem freqüentemente muito mais do que os preços de mercado.
É certo que há material de construção com preço de mercado. Areia e pedra normalmente são. Eles são alguns exemplos. Mas são exceções. O resumo da conversa é esta: o aplicador de capitais em imóveis para locação recebe a renda a preço de mercado. Mas, quando paga para reformar o imóvel locado o faz a preço de cartel, em sua grande maioria.
Este desencontro realmente tem, juntamente com o tempo em que o imóvel fica vago, sem ser alugado, o condão de reduzir a renda para patamares modestos, não raro insuficientes para cobrir a despesa com o reparo. É verdade. Mas o zape do investimento dos dias de hoje, de incerteza, é a segurança. E nisto o imóvel é imbatível. Supera todas as opções do mercado financeiro e mesmo do mercado de capitais.