Valeska Mateus

foto: Weber Sian/A CIDADE
Investir as reservas em títulos financeiros ou em um imóvel? Dúvida que atormenta algumas pessoas na hora de aplicar um dinheiro extra. Com tantas opções em papéis financeiros e diante da rentabilidade que alguns deles oferecem a tentação é grande, mas muitos ainda optam por investir na compra de um imóvel, e ter uma renda garantida com a sua locação.
Nesta decisão, devem pesar fatores como a rentabilidade a médio e longo prazo, a estabilidade do mercado financeiro, o ônus de taxas condominiais e impostos, a degradação e a manutenção do imóvel.
Esta avaliação minuciosa pode garantir o sucesso na obtenção da renda.
Para a economista e coordenadora do curso de Administração de Empresas da Unaerp, Rosalinda Chedian Pimentel, o primeiro passo é avaliar o retorno financeiro do investimento num imóvel levando em consideração todos os seus encargos.

DICAS
Nem sempre a liquidez é imediata para quem compra

Quando uma pessoa se predispõe a investir num imóvel, já deve estar a par de todos as preocupações com a manutenção do mesmo e com o inquilino. Como a falta de comprometimento do locatário na conservação do imóvel, a possível quebra de contrato e os encargos de um imóvel parado e a questão de que nem sempre a liquidez é imediata.
Diante desta avaliação é vantajoso investir num imóvel?
A economista Rosalinda Chedian Pimentel afirma que a depender do perfil da pessoa, esta é a melhor opção. É uma atitude comum em pessoas de faixa etária mais avançada, devido a segurança.
A própria Rosalinda afirma que investiria num imóvel, tomando todos os cuidados e precauções “Minha opção seria conservadora. Compraria um imóvel pela segurança da propriedade” conclui.
Comercial ou residencial
Na decisão, a finalidade do imóvel já é um diferencial a ser levado em conta: residencial ou comercial?
Para o diretor de imobiliária, César Paschoal, o imóvel residencial tem um giro maior de mercado. A locação é mais fácil e na situação do imóvel ficar fechado a perda monetária é menor.
Já a economista Rosalinda Pimentel sugere o investimento num imóvel comercial pela garantia de estabilidade prevista no contrato, que varia de 36 a 60 meses.
Escolha do imóvel
Observar alguns pontos, no momento de escolher o imóvel para investir, pode facilitar a locação e garantir a renda. César Paschoal afirma que a localização, a construtora responsável pelo empreendimento, a idoneidade do imóvel e a taxa de condomínio são os fatores fundamentais. Também é preciso observar as características econômicas da cidade. Como Ribeirão Preto é voltada a prestação de serviços e possui muitas universidades, os bairros de maior movimentação, são os próximos às faculdades e aos shoppings.
Os apartamentos de um e dois dormitórios têm maior procura. Outra dica é nunca deixar de obter certidões negativas dos imóveis nos cartórios e verificar se há taxas de condomínio em atraso, antes de comprá-lo.

DIFERENCIAL
Encargos x rentabilidade

Segundo a economista Rosalinda Chedian Pimentel, se compramos um imóvel residencial para fins de renda, a locação gira em torno de 0,5% a 1% do valor total de compra. Mas aqui entram as taxas de condomínios, que por serem altas em muitas situações, acabam onerando para o locatário.
Se fizermos uma conta matemática com base num apartamento de R$ 100.000, por exemplo, caso não existisse nenhuma intermediação na hora de alugá-lo, o valor da locação seria em torno de R$ 1.000. Mas isso nem sempre acontece na prática. Rosalinda analisa que hoje muitos proprietários têm de diminuir o valor do aluguel cobrado, por conta da taxa de condomínio praticada.
Ou seja, ele está bancando parte do aluguel, para que seu imóvel não fique parado, desalugado. “Ao invés do locador ter um retorno de 1% com o aluguel, ele receberá em torno de 0,7% do valor do imóvel”, calcula a economista.
Paralelo
Traçando um paralelo entre a rentabilidade de alguns títulos financeiros e da locação do imóvel, haveria praticamente um empate de valores, afirma Rosalinda.
A caderneta de poupança rendeu em torno de 0,5% no mês anterior, um valor próximo aos 0,7% calculado. “Neste investimento não há pagamento de imposto de renda sobre o rendimento livre, não há desgaste do imóvel e nem possíveis preocupações com inquilinos”, comenta a economista. Os fundos de renda fixa como CDBs pagam em torno de 1,3% a 1,5%, mas ainda existem as várias taxas a serem descontadas, como Imposto de Renda, entre outras, que resulta num retorno de cerca de 0,9%. Segundo a economista, depois de fazermos estes cálculos, apesar de financeiramente ser mais atraente, existe a vulnerabilidade e a oscilação do mercado.
O imóvel é um patrimônio, uma garantia contínua “Há a vantagem da estabilidade, é dinheiro edificado” avalia Rosalinda.