Sem medo de perder emprego e com renda crescente, clientes estão adquirindo a casa própria mais cedo.Na Caixa, líder em financiamento imobiliário, jovens de até 30 anos respondem por 39% da carteira. 

Mais confiantes na permanência no emprego e no aumento da renda ao longo da vida, a decisão dos consumidores de comprar a casa própria mais cedo já está influenciando o perfil da carteira de crédito habitacional dos grandes bancos no país.

Na Caixa Econômica Federal, líder em financiamentos, os clientes com até 30 anos respondiam por 35% dos contratos novos assinados em 2007, considerando a idade na data de assinatura do documento. No ano passado, já eram 39%.

Com isso, a participação na carteira, que engloba todos os clientes com saldo devedor no banco, chegou a um patamar semelhante, fechando 2010 em 38,8%.

No Bradesco, a fatia nos novos contratos mais que dobrou nesse período, chegando a 16% no ano passado, e a 11,3% da carteira.

"Essa participação vai crescer ainda mais", prevê Claudio Borges, diretor de crédito imobiliário do banco, ressaltando que todas as faixas são importantes, mas quanto mais cedo conseguir fidelizar um cliente, melhor.

No Santander, a fatia nos contratos novos foi de 16,5% para 17,8%, elevando a participação dessa faixa etária para 16,1% no saldo. "É mais fácil fidelizar clientes quando você entende o momento de vida dele e oferece o produto certo", afirma a superintendente de negócios imobiliários, Nerian Gussoni.

Ao conquistar um consumidor com esse tipo de empréstimo, a instituição financeira está garantindo um relacionamento que pode durar até três décadas.

A aquisição de um imóvel na planta facilita essa decisão. Na maioria dos casos, o futuro proprietário paga o sinal, as parcelas mensais e as intercaladas (prestação com um valor maior) à construtora ou à incorporadora durante as obras. Só na segunda fase, na entrega das chaves, o cliente contrata um financiamento bancário.

"Há uma contaminação positiva", afirma Odair Garcia Senra, vice-presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), referindo-se à influência exercida por um jovem que compra um imóvel em seu círculo de amigos da mesma idade.

CONFIANÇA
Para José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo), "a residência plurifamiliar está acabando", conforme as pessoas adquirem mais segurança para pedir um empréstimo de longo prazo. "Todo mundo quer ter sua casa", resume.

Esse foi o caso da fisioterapeuta Tatiane Caresi, 30, e do representante comercial Carlos Henrique Pedroso, 29, que estão juntos há cinco anos e moram há um ano e meio no apartamento de 60 metros quadrados no bairro do Tatuapé, na zona leste da capital paulista.

Ela conta que compraram o imóvel na planta quando ainda moravam com os pais e nunca cogitaram optar pelo aluguel. Venderam o carro para diminuir a parte financiada e o empréstimo de R$ 90 mil será pago ao longo de trinta anos.

"Valeu a pena esperar um pouco mais", diz, já pensando que, num futuro não tão distante, poderiam ter um apartamento maior.

 

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