A oferta de imóveis novos na capital paulista foi recorde em agosto. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), divulgados pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), o lançamento de imóveis na cidade atingiu 3.430 unidades no mês, o que representa uma alta de 114% em relação a julho e também o maior volume do ano.

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A retomada das ofertas tem sido puxada pelas habitações populares (Foto: Divulgação)

A retomada das ofertas tem sido puxada pelas habitações populares. Esse tipo de imóvel vai ter destaque neste ano, de acordo com a Embraesp, impulsionado pelo programa habitacional do governo “Minha Casa, Minha Vida”.

Segundo o Secovi, o lançamento de imóveis com dois dormitórios predominou em 2009 na capital paulista. No mês, foram colocados no mercado 1.602 unidades de dois dormitórios, 1.250 de três dormitórios e 678 de quatro ou mais dormitórios. “A maior parte dos apartamentos de dois dormitórios se enquadra no perfil de habitações populares”, afirma Celso Petrucci, economista do Secovi.

Petrucci também diz que as vendas na capital devem repetir o desempenho de 2008, quando foram comercializados 32.827 imóveis. “O valor geral também vai ser próximo ao registrado no ano passado, graças a retomada da venda de imóveis de maior valor”, disse.

Ele afirma que embora os imóveis populares tenham puxado os lançamentos até agora, as habitações de alto padrão devem voltar a movimentar o mercado até o fim do ano. “Apesar de termos lançado no primeiro semestre um número maior de habitações com dois dormitórios, de perfil mais popular, a tendência é que a partir de agosto os lançamentos de maior valor retornem”, explica o economista.

O economista do Secovi diz que a retomada dos lançamentos registrada em agosto se adaptou ao novo patamar de vendas do setor. No mês, o Secovi contabilizou a comercialização de 3.578 habitações, o que representa um crescimento de 71% frente a julho.

NA GRANDE SÃO PAULO - A Embraesp estima que 40% dos imóveis lançados vão custar até R$ 130 mil, justamente o perfil que se enquadra no programa habitacional do governo. “A partir de abril, no mês seguinte ao início do “Minha Casa, Minha Vida” , notamos que os lançamentos ficaram mais populares”, explica Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp. Até o fim do ano, ele estima que sejam lançadas 15.100 habitações populares na Grande São Paulo. Segundo a Embraesp, de janeiro a agosto, foram colocados no mercado 7.842 imóveis com esse perfil, o que representa 33% do total de lançamentos no período.

No acumulado do ano, foram 23.483 imóveis novos na Grande São Paulo, de acordo com a Embraesp. O ritmo de unidades lançadas começou lento, mas deve ser recuperado no fim do ano. A expectativa da Embraesp é que a quantidade de lançamentos chegue a 40 mil até o fim de 2009, número número ainda inferior aos 63 mil registrados em 2008, mas de bom tamanho se considerada a turbulência que a economia passou no início do ano. “No começo de 2009 ninguém do mercado daria uma projeção tão otimista quanto essa”, afirma.

Apesar da melhora, o mercado imobiliário ainda vai demorar até obter resultados parecidos com os de 2007 e 2008. “Os dois últimos anos foram atípicos e só devem se repetir daqui a cinco ou seis anos”, diz.

Daqui para frente, Pompéia acredita que o perfil dos empreendimentos vai seguir o público do “Minha Casa, Minha Vida”, que atende compradores com renda familiar de até seis salários mínimos (R$ 2.790). As construtoras passaram a disputar o consumidor das classes mais baixas. Essa competição deve reduzir o preço médio dos imóveis nos próximos anos. “A demanda é gigantesca e isso vai fazer com que o valor médio dos lançamentos caia”, afirma. Segundo ele, nos últimos dez anos as construtoras se concentraram nos imóveis de alto padrão, de R$ 800 mil a R$ 2 milhões. “Esse mercado está saturado há algum tempo e já teve grande parte de suas ofertas consumidas.”