A renda e a proximidade do matrimônio são os fatores que definem o perfil dos paulistanos que preferem imóveis de dois e de três dormitórios.
"Nota-se um grupo de jovens [de 25 a 30 anos] que se casarão em breve, ganham em média dez salários mínimos e querem apartamentos de dois dormitórios", resume o diretor comercial do Inocoop-SP (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais de São Paulo), Delvécio Luís Montagnoli, 56.
Para 2007, a previsão é de um aumento de 25% das vendas para essa faixa de imóveis, segundo Paulo Roberto Zancaneli, diretor da ABMM.
"O déficit habitacional cresceu 18% nos últimos dez anos, e, desse total de brasileiros, 91% estão nas classes média e média baixa, que hoje financiam os imóveis de dois e de três dormitórios", avalia.
A faixa acima de dez salários mínimos já corresponde, em boa parte, às rendas compostas por cônjuges e filhos, no caso de famílias que procuram mais espaço e área de lazer.
"Hoje, esses compradores precisam ter duas vagas na garagem e procuram dois dormitórios e uma suíte, para dar maior privacidade ao casal", completa Montagnoli.
As famílias já estáveis, com renda acumulada média de R$ 6.000, lutam para sair do aluguel ou para comprar uma casa melhor do que a atual.
Assim, elas procuram financiar de tal forma que as futuras prestações não ultrapassem aquilo que já gastam mensalmente com moradia --cerca de R$ 1.000, em média.
Perto de casa
No quesito localização, além da facilidade de locomoção, muitos desses compradores também levam em consideração a proximidade do bairro onde cresceram.
A secretária Camila Lizi Corade, 27, prepara o véu e a grinalda para entrar em um dois-dormitórios de 76 m², que custou R$ 95 mil, financiados. "Escolhemos o Tucuruvi porque já éramos da zona norte", diz.
"Achamos, porém, que tem de ser onde a sogra não vai de mala nem de chinelo", brinca.
Ela admite que a intenção era ir para a Parada Inglesa, mas os preços lá eram mais altos.