Falta de profissionais não preocupa empresas, que admitem risco de faltar carpinteiros, eletricistas e encanadores.

Acompanhando a tendência mundial, o mercado imobiliário de Ribeirão Preto cresce em ritmo acelerado. Nos últimos meses, construtoras da cidade e empresas de fora investem em empreendimentos milionários. Mesmo com a expectativa nacional de falta de mão-de-obra, as construtoras não encontram obstáculos para atender a demanda do setor. Um dos principais motivos é a grande quantidade de trabalhadores nas cidades da região.

A construtora sergipana Cosil, por exemplo, anunciou em julho do ano passado que vai investir aproximadamente R$ 66 milhões em Ribeirão e região. A expectativa do grupo é que os investimentos em Ribeirão possam gerar 150 empregos diretos e outros 900 indiretos num primeiro momento. A empresa paulistana Klabin Segall, ao lado da Copema, promete investimentos imobiliários que giram na casa dos R$ 100 milhões em Ribeirão.

Essa aceleração das construções civis gerou uma preocupação nacional em relação à falta de trabalhadores, principalmente os mais qualificados. Mas esse quadro ainda não se reflete em Ribeirão. Um levantamento feito pela Gazeta com grandes construtoras da cidade mostra que mão-de-obra ainda não é problema.

"Nós não estamos sentindo nenhuma dificuldade em relação à força de trabalho, temos os nossos funcionários e conseguimos atender os picos de construção", afirma Joaquim Carlos Pereira, engenheiro coordenador da Pereira Alvim, construtora de Ribeirão. Para ele, o que existe é apenas uma expectativa de escassez, e ainda é cedo para afirmar que isso realmente vai acontecer.

Além das empresas possuírem um quadro fixo de funcionários, outro motivo para a tranqüilidade do setor é a oferta de mão-de-obra na região. "Cerca de 60% dos nossos funcionários são de cidades pequenas da região", diz Pereira. Segundo o engenheiro, a região ainda tem muito potencial de trabalho.

De acordo com João Theodoro Feres Sobrinho, assistente de diretoria da Habiart Barc, as cidades da região possuem muitos trabalhadores qualificados. "Ribeirão é um pólo regional de mão-de-obra, nós possuímos muitos profissionais capacitados disponíveis. Sempre fazemos processos de recrutamento e encontramos bons trabalhadores", avalia. Feres afirma que hoje não há problemas em encontrar mão-de-obra e que o crescimento imobiliário está dentro das expectativas.

"O que podemos esperar para o segundo semestre deste ano é uma dificuldade em encontrar trabalhadores para setores específicos, como carpintaria. Mesmo com todos os processos de treinamento, existem setores que exigem tempo de estudo e experiência. Mas isso está dentro do planejamento de crescimento da construção civil", declara Feres. Segundo o assistente, 40% dos funcionários da empresa são terceirizados, e a Habiart Barc oferece treinamentos freqüentes para todo o quadro de funcionários.

Sinduscon

Mesmo com a tranqüilidade atual, existe um alerta em relação à mão-de-obra especializada. Segundo José Batista Ferreira, diretor regional do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon), o desenvolvimento imobiliário e o crescimento das construções podem causar uma falta de profissionais mais capacitados.

"Houve uma migração de mão-de-obra porque o setor de construção decaiu nos últimos 25 anos. Com esse novo aquecimento, poderão faltar profissionais para algumas especialidades na construção", afirma Ferreira. Segundo o diretor, o mercado corre o risco de ficar sem trabalhadores especializados como eletricistas e encanadores.

RAISSA SCHEFFER