Os técnicos consideram que, quando parado, o mercado imobiliário começa a se movimentar na razão direta: 1- da recuperação do mercado de locação; 2- da retomada dos negócios com imóveis usados.
O argumento tem razão de ser.
Um bem vale pelo que ele rende. Assim, se ele não rende nada é porque não vale nada. É o que ocorre com imóveis postos em oferta no mercado para locação. E a assertiva vale tanto para imóveis residenciais quanto para imóveis não residenciais. As placas de “aluga-se”, que tanto os proprietários individualmente considerados quanto as imobiliárias colocam nos imóveis oferecidos para locação, comprovam o que se afirma.
Se o imóvel fica exposto mas não tem oferta e – o que é pior – chega a ser rejeitado, seu valor de mercado se deprecia. Além dos dispêndios naturais que acarreta. Durante o tempo em que está em oferta, o imóvel gera gastos com tarifa de água e esgoto, com IPTU – se for construído e não apenas um terreno – com depreciação. Em vez de renda positiva, gera renda negativa que se conhece como gastos.
Outro indicador, que antecipa retomada de negócios no mercado imobiliário como um todo, é o que diz respeito às transações com imóveis usados. É um mercado pouco noticiado pela mídia. E as empresas de construção civil dele não participam porque estas oferecem apenas para venda imóveis novos. Mas o mercado de imóveis usados tem importância singular no total das transações imobiliárias. E, quando os negócios são retomados nesta fração do todo, imediatamente o mercado inteiro se movimenta. “Para entender o todo é preciso conhecer as partes”, dizia Aristóteles.
Pois bem, depois de falarmos da, embora tímida, retomada do mercado de locação em nossa região – conseqüência da abertura de novas empresas e do crescimento um pouco menos vagaroso do PIB – agora a mídia da capital do Estado anota retomada de negócios envolvendo imóveis usados. O primeiro semestre deste ano de 2007 – de janeiro a junho – em confronto com igual período do ano passado, acusou expansão de mais de 3% nos negócios com imóveis usados. Esta percentagem não é confirmada por profissionais do mercado em nossa cidade. São os corretores de imóveis. Mas todos confirmam uma expansão cuja percentagem, entretanto, eles pretendem ainda medir.
Bom lembrar que o mercado formal é aquele que pode perfeitamente ser medido por meio das anotações nos cartórios de registro de imóveis. Mas o mercado informal é muito maior. Não raro, a transação ocorre numa época mas a lavratura da escritura e o registro, em outra época. Em termos econômicos vale o primeiro tempo. Juridicamente, o segundo.

VICENTE GOLFETO