Depois de alguns mercados imobiliários do interior paulista terem sido duramente afetados pela crise em 2003 e outros terem sofrido menos, há uma aposta unânime na melhoria de resultados em 2004, revela sondagem realizada pelo Secovi-SP (sindicato das construtoras e imobiliárias) com entidades e delegacias que o representam regionalmente.

O pensamento dominante no mercado caipira é de que pior não pode ficar. "Em 2004, com a baixa dos juros e o possível aumento do poder aquisitivo da população, é provável que a situação melhore", afirma Milton Bigucci, vice-presidente de interior do Secovi-SP e presidente da Acigabc (associação que representa o sindicato no Grande ABC).

Segundo ele, o mercado de imóveis do ABC ficou colado à performance ruim da capital paulista.

Os negócios em Jundiaí não foram diferentes. "Houve poucos lançamentos e nossa pesquisa imobiliária mostrou uma pálida movimentação nas vendas", diz José Roberto Orlando, presidente da Proempi, que também representa o sindicato.

João Pereira Dantas, presidente da Aconvap, representante do Secovi no Vale do Paraíba, teve a mesma avaliação. "Demos um passo atrás por conta do arrocho que o governo promoveu para controlar a inflação. Em muitas empresas, as vendas recuaram."

Cautela

Em Campinas, 2003 foi marcado pela cautela, em razão das definições políticas e econômicas. "Tivemos um primeiro semestre fraco no geral, com um pequeno destaque para os condomínios horizontais --entre R$ 150 mil e R$ 200 mil-- e os verticais destinados às classes mais baixas", diz o delegado-geral do Secovi na região, Franklin Gindler.

A partir de setembro, houve melhora nos lançamentos para a classe alta, conta Gindler. "Nos segmentos de média renda e comercial, a procura aumentou em razão da volta de linhas de financiamento, mas havia falta de produto". Para ele, os resultados positivos devem surgir a partir do segundo trimestre deste ano.

Embora reconheça que 2003 foi difícil, Flávio Amary, delegado-geral do Secovi Sorocaba, afirma que tais dificuldades foram menores na região. "Houve lançamentos em todas as áreas e de todos os padrões, apesar de a comercialização ter ocorrido em menor velocidade."

Segundo ele, "o que mais preocupa não é o mercado local, que tem apresentado um crescimento gradativo e sustentado, mas as conjunturas nacional e internacional, cujos reflexos podem prejudicar o desempenho do setor".

Neutro

Para o mercado imobiliário de São José do Rio Preto, 2003 foi um ano neutro. "Houve um pequeno destaque para os condomínios de casas e os loteamentos fechados, mas nada que se compare aos anos anteriores, haja vista a grande dificuldade de se conseguir financiamento", analisa o delegado-geral Olavo Tarraf.

"Além dos loteamentos fechados de alto padrão, o autofinanciamento e o financiamento direto das construtoras fizeram com que unidades entre R$ 40 mil e R$ 150 mil movimentassem o setor", ressalta.

"Em 2004 prevemos um equilíbrio nos condomínios horizontais, com os quais o setor deverá novamente atuar, e no segmento condomínios verticais, que ofereçam áreas de lazer, segurança e qualidade de vida. As eleições municipais também podem favorecer o aquecimento, assim como a progressiva queda nas taxas de juros", diz Tarraf.