Consumidores recuperam a confiança na economia, e a indústria para de demitir, apesar de ainda resistir a contratar. O cenário econômico do País parece estar em processo de recuperação após a crise que o abalou no último trimestre do ano passado de acordo com indicadores econômicos recentes.

Mas, para quem quer comprar um imóvel, o que considerar neste momento? É melhor aguardar uma recuperação efetiva e um cenário mais seguro?

Para quem pensa em adquirir uma casa com preços acima de R$ 130 mil, especialistas aconselham pesar mais a segurança de emprego do que as condições de compra, que, afirmam, não mudaram muito das oferecidas pelo mercado nos anos anteriores.

‘Comprar um imóvel significa comprometer a renda por 30 anos, em prestações que abocanham até 25% da renda mensal. Dá para fazer isso se não houver segurança no emprego?’, questiona João da Rocha Lima Júnior, do núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP, que analisa o mercado.

O número de condomínios novos lançados na Capital caiu 25% no primeiro semestre com relação ao mesmo período do ano passado, e o número de unidades diminuiu de 16.812 para 8.150, segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos de patrimônio (Embraesp).

Mas isso não significa desvantagens para compradores, pois a maioria das unidades vendidas em maio, por exemplo, foram imóveis que já haviam sido lançados há entre sete e 36 meses.

De acordo com João Crestana, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi), como as empresas não lançaram nos últimos meses e existem cerca de 15 mil unidades em estoque na cidade, quem comprar agora pode encontrar boas ofertas, mas não preços mais baixos. Na verdade, eles subiram em média 8,99% comparados ao mesmo período de 2008.

A saída é pechinchar, diz Luiz Pompéia, diretor da Embraesp. ‘Ainda dá para enxugar os preços em até 2%, pois as empresas precisam de caixa, por conta do tempo no qual ficaram sem vender. Ao oferecer uma entrada maior, é possível diminuir o valor das prestações’, explica.

De acordo com Cunha, esse estoque de imóveis tende a diminuir nos próximos anos. “Ele foi criado em um cenário econômico exuberante que não existe mais”, afirma.

A adaptação do mercado também mudou o perfil dos empreendimentos, que voltaram a focar compradores com renda média e apartamentos mais compactos, com até três dormitórios. Unidades de até R$ 200 mil já são 40% das lançadas no primeiro semestre do ano na cidade.

NÚMEROS - 122 empreendimentos foram lançados na capital nos seis primeiros meses do ano;
8.150 unidades foram lançadas no mesmo período na cidade;
4.196 unidades do total foram de imóveis de dois dormitórios;
R$ 3.697 o metro quadrado foi o custo médio dos imóveis no primeiro semestre;
8,99% mais caros foi quanto ficaram os preços em relação a 2008;
4.010 unidades foram comercializadas em maio, o dobro do mês anterior;
70% das vendas de maio foram de imóveis em ‘estoque’;
8,94% mais crédito teve janeiro a maio deste ano ante o mesmo período de 2008.

Jornal da Tarde - 24/07/09