Imóveis mais baratos e espaçosos e oferta de serviços e lazer estimulam investimentos na região central de RP.


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Investidores de imóveis estão optando por comprar apartamentos no Centro de Ribeirão Preto por causa do preço convidativo e o fácil acesso às áreas de compras e lazer. A diferença de preços entre as unidades disponíveis na área central e outras similares construídas em locais em expansão imobiliária, como a Zona Sul, pode chegar a 50%.

Embora o projeto arquitetônico não seja moderno, os compradores apontam vantagens como o espaço interno e o conforto de ter por perto lojas, lanchonetes, choperias e um shopping center.

Segundo levantamento feito pelo Guia Centro, da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), são 2,2 mil empresas no quadrilátero central, nas quais os moradores podem encontra muitos serviços sem ter que utilizar veículo para se locomover.

Mas, por se tratar de imóveis usados, o proprietário pode ter desconfortos ao longo do tempo. Esta é a opinião do professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Henrique Scorzafave, que, ao comparar as duas situações, faz um alerta: investir em um imóvel usado na área central ignorando a oportunidade de comprar uma unidade similar em zonas em expansão é um pode ser uma visão imediatista. “É preciso colocar na ponta da caneta os contratempos futuros”, declara.

Situações como manutenção e preço do condomínio têm que ser levadas em consideração, segundo Scorzafave. "Como esses prédios usados têm menos apartamentos, o condomínio é maior, portanto, o morador terá uma taxa que vai acompanhá-lo durante todo o tempo. E outra: a unidade não estará no começo de sua vida útil, como nos novos empreendimentos, que têm mais apartamentos e um valor de condomínio menor", disse. "É natural que morar no Centro custe menos", afirmou.

Para o corretor de imóveis Carlos Henrique Rossi Fortes Guimarães, o Centro não oferece novos empreendimentos, portanto as construções não seguem o padrão moderno dos lançamentos, mas, segundo ele, enquanto um apartamento na área central possui dois grandes quartos em uma área de 80 metros quadrados, as novas construções fazem até quatro dormitórios na mesma medida.

"No Centro são cômodos mais generosos desenhados em plantas antigas, que tornam a residência da pessoa muito mais espaçosa, mas os novos condomínios estão investindo exatamente em espaços como áreas de lazer e garagem ampla para que o morador se identifique mais com o prédio", disse.

O conhecimento do corretor foi fundamental para orientar o irmão, o advogado José Fortes Guimarães Neto, que comprou um apartamento na rua Campos Salles, no Centro, de 350 metros quadrados, pagando metade do preço de um imóvel similar na Zona Sul da cidade. "Esta foi uma das vantagens que notei quando decidi fazer o negócio. Apesar da arquitetura ser mais antiga, os cômodos são amplos e temos a praticidade de estar perto de tudo", falou.

Mas, para o corretor Jader Fonseca Maciel Pinto, da imobiliária Mercado de Imóveis, que vende apartamentos na avenida João Fiusa, a Zona Sul também oferece os mesmos serviços que o ponto central é outro: o preço. "As pessoas só vão para o Centro porque é mais barato. Muitos não falam isso, mas a gente percebe que o preço do metro quadrado, tanto para a venda como para a locação, chega a ser decisivo na escolha", afirmou.

Ele aguça a curiosidade dos que querem cotar algum imóvel na Zona Sul e compará-lo com os localizados na área central. "Enquanto num edifício de dois apartamentos por andar na Fiusa a pessoa paga de R$ 600 mil a R$ 700 mil a unidade, a mesma metragem sai entre R$ 350 mil e R$ 400 mil no Centro, com duas ou três vagas na garagem."

Pinto revela que há casos de identificação da pessoa com o Centro da cidade e há casos de aparente arrependimento. "Tinha uma cliente que me procurou com uma quantia que não era compatível com nenhuma unidade na Fiusa, por isso ela foi morar na parte alta da Cerqueira César. Agora ela me procurou novamente para investir de novo na Zona Sul", disse.

PAULO SILVA