Construção de anexo cobre parte da fachada do prédio que abrigou estação de trem.
Um grupo de moradores de Jardinópolis acionou o MP (Ministério Público) contra a obra de ampliação da Câmara de Vereadores, instalada no prédio de 1899 onde funcionou por oito décadas a estação ferroviária.

O novo anexo, previsto para ser inaugurado este ano ao custo de R$ 180 mil, cobre grande parte da fachada do prédio.

Segundo informações do presidente da Câmara, Mauro Sérgio dos Santos (PTB), a primeira etapa da obra, voltada para adequações externas, será concluída em março. A segunda etapa, as reformas internas, deve começar ainda no primeiro semestre.

A representação contra a obra é baseada no parágrafo 7º do artigo 159 da Lei Orgânica do Município, que atribui à Prefeitura o dever de preservar o patrimônio histórico do município. A promotora Tânia de Andrade informou que já oficiou a prefeitura.

O movimento que tenta paralisar a obra é liderado pelo jornalista Jamil Saquy, da Associação Boca Amarela de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico e conta com apoio de ex-vereadores e de membros do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, inclusive da diretora de Cultura do município, Marisa Munhoz Martins.

O prefeito José Antonio Jacomini (PPS) e os vereadores argumentam que o prédio não é tombado e que a obra não viola os elementos de preservação do imóvel. Para eles, a parede esconde mas não descaracteriza a fachada. "Neste prédio, passa a memória afetiva da cidade. A Câmara poderia construir a nova ala em um outro lugar ou então mantendo as característica arquitetônicas da estação", reclama Jamil, que organizou o abaixo-assinado de 11 moradores que baseia a representação ao MP.

O ex-vereador e escritor Roberto Elias considera o prédio o principal símbolo arquitetônico e afetivo da era de maior prosperidade da cidade, as primeiras décadas do século 20. "O cuidado com o patrimônio histórico é uma das garantias da identidade que os filhos e os netos da gente também vão se orgulhar um dia", afirma.
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