Higienópolis, região central de Ribeirão, concentra bares, lojas de arte e arquitetos e possui ‘âncora’ na praça 7
Ribeirão tem a sua Vila Madalena. Reduto de diversidade cultural e boemia, o charmoso bairro de Higienópolis é efervescente em todos os períodos do dia. Reúne arquitetos, artistas, ateliês, lojas de decoração e artesanato, escolas de arte, bares, restaurantes e até tribos menos convencionais, como idosos e gays, em um mesmo espaço.
Localizado na região central da cidade, o bairro tem como “âncora” a praça 7 de Setembro, que também ficou conhecida por reunir artistas nos finais de semana. A Vila Madalena, em São Paulo, concentra bares, ateliês e casas noturnas.
Em um dos cruzamentos do Higienópolis a comparação é inevitável. Dos quatro imóveis na esquina das ruas Prudente de Moraes com Floriano Peixoto, três abrigam bares.
O Higienópolis é o sexto dos bairros da série que a Gazeta apresenta em comemoração aos 150 anos de Ribeirão, dia 19 de junho.
A comerciante e socióloga Maria Conceição Spinelli, 48, conta que se mudou de São Paulo para Ribeirão em busca de uma vida tranqüila para sua família.
Quando chegou aqui disse ter procurado por um bairro que se parecesse com a capital. "Quando encontrei esse lugar fervilhando de gente diferente tive certeza de que aqui seria a minha morada. Olho ao redor e vejo um ambiente democrático, cosmopolita", conta se referindo aos punks, roqueiros, mulheres da sociedade e pessoas humildes que sentam na praça para descansar.
Maria Conceição é dona de uma loja de artesanato, a jeito de Maria, em frente à praça. Junto com ela, a amiga e artista Claudinéia Teixeira Lima Pires, 28, administra o trabalho.
A arte extrapola as lojas e a praça Sete de Setembro é o palco para apresentações musicais e feiras nos finais de semana.
A área foi planejada e construída na década de 50 e ficou reconhecida pelo nome da rua onde fica. Mas, oficialmente, se chama Aureliano de Gusmão, um ex-vereador de Ribeirão, de 1902.
A praça é uma área verde valiosa onde os adultos fazem caminhadas, os adolescentes se encontram e as crianças brincam.
A maioria dos moradores da região está na faixa etária entre 20 e 54 anos. O dado reforça a quantidade de produção cultural e artística ribeirãopretana.
O comerciante Rogério Restini, 32, do Serjão lanches, diz que o lugar começou como um bar que só servia cerveja.
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Bairro é reduto de charme
A Vila Madalena que inspira a região do Higienópolis, em Ribeirão, é um dos bairros mais charmosos de São Paulo.
Lá estão concentrados bares, restaurantes e casas noturnas conhecidos e ue mantém a tradição de receber pessoas interessantes, artistas e gente descolada.
Também na Vila Madalena estão ateliês e estúdios de artistas renomados, músicos, fotógrafos e designers.
Com tanto glamour, o metro quadrado de área construída na Vila Madalena é um dos mais valorizados da capital.
Basicamente constituído por casas e algumas vilas a Vila Madalena tem recebido alguns investimentos em imóveis verticais.
O trânsito no bairro costuma ficar complicado durante as noites, especialmente nos finais de semana. (Gazeta de Ribeirão)
Praça tem árvores raras e até saguis
A praça que tem um nome, mas é popularmente conhecida por outro, tem tesouros da fauna pendurados nos galhos e da botânica fincados no chão.
De acordo com a engenheira agrônoma da Divisão de Parques e Jardins da Secretaria de Infra-Estrutura, Lícia Brasil Cesarino Vecchi, 44, o local tem um volume de área verde significativo.
Cerca de 16 mil metros quadrados com árvores raras e nobres, segundo ela.
Entre as espécies, estão a peroba rosa, a sapucaia, a figueira, a pau-ferro, a seringueira, a farinha seca e o jacarandá mimoso.
Lícia conta que a peroba rosa e a sapucaia são nativas, estão em extinção e são de grande representação ambiental e histórica.
"Essas árvores não podem ser cortadas de forma alguma", conta Lícia.
Para compartilhar da área verde periquitos e pássaros conversam no fim da tarde na copa das árvores.
Recentemente elas também passaram a ter novos habitantes, os sagüis, que não tem explicação definida sobre a sua origem.
Além disso a praça tem também um trenzinho que faz a alegria das crianças nas manhãs dos finais de semana. (Gazeta de Ribeirão)
PERSONAGENS
Josué Muller de Olveira, 51, sorveteiro. É dono da sorveteria do Jô. Está há 21 anos no local. "O nosso sorvete fica exposto e isso aguça a curiosidade do cliente que pode fazer a degustação. Além disso, primamos pela qualidade a um preço acessível".
Maria Conceição Spinelli, 48. Socióloga virou comerciante e vende artesanato. "A nossa filosofia é vender um produto que não é encontrado aqui. Para apreciar o valor do artesanato, só mesmo as pessoas de bom gosto que freqüentam a região".
Vera Gaetani, 68, aposentada. Ela e a irmã moram em frente à praça Sete de Setembro há cerca de 50 anos e se dizem privilegiadas por isso. "Eu fui criada nessa região e esse lugar me traz boas lembranças o tempo todo".
Manoel Martins, 62, taxista. Trabalha no ponto de táxi da praça há 30 anos e se diz conhecido dos idosos da região. "As pessoas que transporto são, em sua maioria, idosas, de um bom nível social e não podem mais dirigir, por isso contam comigo".
Germano Travitzki Neto, 59, decorador. Ele tem uma casa no Jardim Recreio, para onde só vai aos finais de semana. "Durante a semana fico aqui. Nesse bairro respiro decoração, cultura e urbanismo".
ANGELA PEPE