Valeska Mateus

      MATHEUS URENHA Novas linhas geram corrida a bancos                                                                                  DE ACORDO Fabiana Severi, advogada: nova linha permite a construção de casa com padrão superior.

Desde o início do mês a classe média tem mais facilidade na hora de financiar a casa própria. Entrou em vigor a linha de crédito com recursos do FGTS para imóveis até R$ 350 mil, que oferecem as taxas de juros mais baixas do mercado, 8,66% ao ano mais TR. Em comparação, as outras linhas disponíveis para essa faixa, com juros que giram entre 10% e 12%, a economia pode chegar a 31% ao final do financiamento.
A economista Luciana Oranges Cezarino, professora do curso de Administração da Unaerp, simulou os cálculos de dois financiamentos com imóveis de R$ 300 mil, num prazo de 360 meses, com juros de 12% ao ano e o outro com os 8,66% da nova linha.
“Considerando que a TR se mantivesse em 0,1% (conforme previsões para 2008) ao final do financiamento o consumidor economizaria cerca de 31% com a redução da taxa de juros”, explica Luciana (cálculos aproximados e sujeitos a modificações junto ao governo).
A redução na parcela mensal também é significativa. Passa de R$ 3.124,60 para R$ 2.381,79.
O contador Carlos Ferreira ressalta que, mesmo com juros mais baixos, a pessoa deve sempre optar por um prazo mais curto. “O mesmo financiamento em apenas 240 meses, diminui o montante total pago em mais de R$ 200 mil”, fala.

Cotistas
A nova linha está disponível para trabalhadores que possuem conta no FGTS há pelo menos três anos e ganham acima de R$ 4,9 mil por mês, fatia que até agora estava excluída desse tipo de financiamento.
“Também atende aos cotistas que, apesar de não terem conta ativa, já possuem retido no FGTS 10% do custo do imóvel”, explica o superintendente da Caixa Econômica Federal, Paulo Lins.
Mas a pessoa não pode ter nenhum outro financiamento concedido no âmbito do SFH e montante financiado não pode ultrapassar 70% do valor de avaliação do imóvel.
Para o casal Fabiana Severi e Fernando Roselino, a nova linha foi a oportunidade de construir uma casa de padrão superior.
“Com as linhas anteriores só poderíamos comprar um imóvel de até R$ 130 mil”, comenta a advogada.
Com processo em andamento desde meados do ano passado para financiar a construção da casa de cerca de R$ 200 mil, o atraso na liberação acabou, por conta da aprovação do projeto de engenharia, sendo excelente para o casal. “Em novembro vimos o anúncio do governo e decidimos esperar. No dia 2 já fomos até a agência mudar a linha”, conta.
Além da redução da taxa de juros que, na avaliação dela agora tem condições bem próximas a dos financiamentos populares, diminui em torno de R$ 300 a parcela.
“Para quem vai pagar financiamento e vive de aluguel é uma diferença significativa”, fala.
“Agora um casal do nosso padrão tem mais possibilidades de viabilizar um projeto”, completa.
As medidas aprovadas pelo Conselho Curador do FGTS, em novembro do ano passado, têm recursos da ordem de R$ 1 bilhão para os financiamentos de casas e apartamentos.
Segundo estimativas da Caixa Econômica Federal, o recurso é capaz de atender cerca de 11 mil cotistas do fundo, tirando como média imóveis em torno de R$ 245 mil.
O superintendente acredita que esse montante será todo utilizado já nos primeiros seis meses por conta da demanda reprimida existente.
“Era uma classe desatendida, que estava restrita apenas aos recursos da poupança. Essa nova modalidade, com juros de 8,66%, cria um grande impacto na capacidade de pagamento dessas pessoas”, analisa.

Perfil
De acordo com o superintendente os clientes que tinham processo em andamento e que se enquadram nesse perfil serão chamados a mudaram para essa nova linha.
Às pessoas que já pagam um financiamento e poderiam se beneficiar da nova linha, Lins aconselha a procurarem a sua agência e calcular se a mudança seria vantajosa.
“O cliente pode tentar quitar o financiamento e fazer um novo casado. Essa possibilidade deve ser analisada”, explica.
Para Lins, essa nova modalidade deve incrementar ainda mais o financiamento habitacional em 2008. De janeiro a novembro do ano passado a Caixa Econômica Federal de Ribeirão Preto contratou R$ 83,7 milhões em operações de crédito imobiliário, um volume 28,8% superior a 2006, o que representou a construção ou aquisição de 2.195 unidades habitacionais na cidade.